Carne…

Carne enlatada

– Carne??!
– Sim, de carne. E da boa!
– Mas como é isso possível? A carne é perecível, apodrece, coze, é frágil.
– Sim excelência, mas temos boas razões para suspeitar que
estes organismos são baseados em carne.
– Mas em carne??! Mesmo carne?? Toda a gente sabe que a carne
não aguenta o voo interplanetário.
Que não suporta as temperaturas do espaço sideral.
Que se desmembra quando a pressão tende para zero.
Como é que eles podem viajar pelo espaço se são feitos de carne??
– Usam carapaças feitas de alumínio e outros metais.
Instalam sistemas de controle de pressão e temperatura e depois
vivem lá dentro.
– Então é para isso que vocês querem o financiamento??!
Para poderem afirmar tamanhos disparates! Onde é que já se viu uma coisa dessas?
Como é possível??
Organismos feitos de carne a fazerem carapaças de alumínio para poderem sair do planeta e e viajar pelas estrelas até aqui?
E como é que a carne é feita??
Dentro de fábricas de alumínio e cobalto inoxidável, todos nós sabemos.
Se eles têm a tecnologia para fazerem carne, usavam-na logo para
viajarem.
Ficava-lhes muito mais barato que essa história da carne.
Isso é um absurdo. Se têm carne a bordo, é com outro propósito.
Se calhar querem vendê-la por aqui, pois nem em todos os mundos se
consegue produzir.
Mas quem é que quererá comprar carne? Para quê?
O que é que vocês sabem sobre isso?
– Excelência, receio que a verdade seja ainda mais inacreditável.
Eles são a CARNE. O que eles vendem é o alumínio.
– Isso é um absurdo. Não sei o que vocês têm andado a fazer, mas
não serve para nada. Inúteis!! Tanto que o estado gastou com vocês,
para vocês se divertirem a inventar essas histórias.
– Mas…
– Nem quero ouvir mais nada. Que desperdício.
Eu bem que já suspeitava.
Vocês não vão gastar mais dinheiro nessas ideias absurdas.
Vou dar instruções para deslocar as verbas sobre a exo-investigação
do carbono e reinvestir tudo Bromo-Silício. Mas que burro que eu fui.
– Então e os investigadores? E o instituto?
Deram o seu melhor. São dedicados.
-Pois que encarem isto como uma oportunidade para fazerem coisas como deve ser. E quem não quiser pode optar por reformar-se.
Vivemos tempos apertados. Não podemos desperdiçar a investigar inutilidades absurdas.


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