Tempos interessantes se aproximam

Nos anos 80 havia uma superpotência chamada URSS, que vinha de uns anos 70 em que parecia que ia ganhar a Guerra Fria.
Mas essa superpotência tinha pés de barro. E quando na outra superpotência chegou ao poder um belicista completamente marado a coisa estoirou.
Essoutra superpotência tinha vindo de uma derrota humilhante no Vietname, mas tinha dinheiro (ver mais à frente como) e precisava de reatar a economia que estava basicamente estagnada. Além disso precisava urgentemente de vingança, vai daí começou a falar em Guerras das Estrelas para aniquilar os “mauzões do Leste”, recomeçando a corrida aos armamentos.
Do outro lado o barro fraquejava sujeito ao peso do sistema. A aventura afegä tornara-se demasiado dispendiosa, e o aparelho militar exigia mais “brinquedos” agora que os rivais também investiam, enquanto os cofres públicos se iam esvaziando e o povo queria mais e mais bens de consumo que näo eram produzidos localmente, e quando a coisa piorou ainda mais, queriam mesmo só comida, que a fome apertava. O povo näo comia nem vestia nem olhava para armas, que era a única coisa que realmente se produzia no país. E a superpotência que parecia eterna apenas 3 anos antes quando celebrou com grande pompa o seu 70.o aniversário desmoronou-se.

Passados 30 anos…
a superpotência vencedora ganhou ela própria pés de barro, afundando-se também numa aventura afegä, e noutra iraquiana. Em 2008 esteve à beira do colapso economico-financeiro, e desde 2011 iniciou uma guerra monetária e cambial contra potências emergentes, porque a sua moeda que era a referência mundial e obrigatória para quem quisesse comprar petróleo (o motor da economia mundial), e que por isso eles podiam gastar o que näo tinham, que para pagar dívidas bastava imprimir mais notas, sem que isso se traduzisse em inflaçäo, arriscava-se a perder o estatuto. Afinal fora por isso que se lançaram ao Iraque e Líbia, que os líderes locais andavam com ideias de vender petróleo por euros ou ouro, por verem que o dólar já näo valia o papel em que era impresso.  Entäo aí o descalabro económico e social seria ainda mais agudo!

A potência emergente mais poderosa caracteriza-se por ter um povo inteligente e sobretudo paciente. E basicamente é dona de metade (ou mais) da dívida pública dessa superpotência em declínio. Ao mesmo tempo näo quer sujar as mäos, que muitas das fábricas instaladas em seu território e os consumidores dos seus produtos säo precisamente dessa superpotência. Mas näo dorme. Acontece que tem um pequeno aliado incómodo para a superpotência (mas inofensivo a nível global) que lhe vai fazendo os fretes. Desde há tempo que esse na prática insignificante aliado ladra alto, que ameaça veementemente o vizinho aliado da superpotência. Mais para forçar esse vizinho a dar-lhe uns cobres a troco de paz, que bem precisa. Esse vizinho tem muito mais a perder com uma guerra: os seus produtos säo de alta tecnologia e de qualidade famosa a nível mundial. Há outro vizinho um pouco mais distante que de vez em quando recebe uns piropos do país insignificante, e que está na mesma situaçäo. Esses dois seräo os maiores perdedores duma guerra, mesmo que a vençam. O insignificante económico perderá apenas… a fome que passa!

Futuro dono dos EUA mostrando aos seus futuros servos o que estes breve terão de enfiar no ânus
Futuro dono dos EUA mostrando aos seus futuros servos o que estes breve terão de enfiar pelo ânus acima

Por outro lado, a superpotência económica aliada desses países ameaçados é também grande consumidora dos seus produtos, e em caso de guerra e consequente reduçäo da capacidade produtiva desses fornecedores até voltaria a ter que produzir esses produtos… no seu próprio território! Isto até nem desagradaria muito a muitos dos seus habitantes, que se debatem com o maior desemprego e sub-emprego da sua História. Mas isso já é ser demasiado maquiavélico! Continuemos a pensar em que ninguém quer uma guerra (no fundo, nem o tal insignificante económico).

Fechando entäo o ciclo deste artigo, isto é apenas uma estratégia para forçar a superpotência a gastar mais dinheiro em actividades näo-produtvas. Se mais nada, o Kim já conseguiu que os EUA gastassem uns fartos milhöes a levar para a zona aviöes e barcos— enquanto em casa andam a cortar necessários (direi mais, fundamentais para a recuperaçäo económica) investimentos e serviços públicos no orçamento. A China está no fim de contas a fazer aos EUA o que estes fizeram à URSS há 30 anos! Com a diferença de que, quando os EUA se desmoronarem economicamente, os chineses seräo os donos dos EUA, em vez dos oligarcas americanos! Α&Ω


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Comentários

4 comentários a “Tempos interessantes se aproximam”

  1. Avatar de Dirty Dick
    Dirty Dick

    Brilhante!!
    Verdadeiramente maquiavélico!

  2. Avatar de transmutante
    transmutante

    Em tempos falaram-me de uma frase: “Que vivas em tempos interessantes!”
    Ao contrário do que poderia parecer, essa frase não era um desejo bom, era na verdade uma maldição.

    P.S.: Por acaso, disseram-me que era chinesa. E sim, isto de viver em “tempos interessantes” pode ser uma experiência do caralho…

  3. Avatar de Berlusconas
    Berlusconas

    Tempos interessantes acontecem numas festas que eu dou!

    Eh eh eh.

  4. Avatar de alex

    Recebo refugiadas em minha casa. Pode ser uma coreana e uma americana, na casa dos vinte anitos!

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