Vinhos do Pontal

O partido ditador deixou o Pontal e vai fazer a rentrée num hotel de 4 estrelas (os de 5 estavam todos ocupados pelos reformados da Assembleia).

Com o Pontal livre, avançamos nós. Levámos o vinho.

Quinta da Lagoalva, Tejo tinto 2010, 13,5% de álcool, Castelão (50%), Touriga Nacional (50%). Aparentemente, um pouco mais seco do que da última vez. Um vinho corrente razoável.

Herdade da Figueirinha, Alentejo tinto 2009 Reserva, 13,5% de álcool, Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional. Tão mau como o 2008. O Pingo Doce compra mijo de burro e engarrafa-o? Tão martelado que ainda lhe senti as limalhas da cabeça do martelo. Devem ter pegado no 2008 e encharcaram-no de serradura para dizerem que estagiou em madeira. Parecia que estava a beber óleo de cedro.

Porta dos Cavaleiros, Dão tinto 2009, 13% álcool, Touriga Nacional (40%), Alfrocheiro (30%), Aragonês (30%). Um vinho honesto do Dão, com o sabor redondo, leitoso e quase enjoativo típico dos vinhos do Dão. Um vinho corrente bastante razoável.

Serras de Azeitão, Península de Setúbal tinto 2011, 14% de álcool, Aragonez, Syrah, Merlot e Touriga Nacional. Menos áspero que o 2008, mas mais enjoativo. Passo.

Entretanto passei aos vinhos do Belmiro: uma surpresa positiva.

Cunha Martins, Dão tinto 2007 Reserva, 13% de álcool, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro Preto e Jaen. Redondo e adocicado, como todos os vinhos do Dão sem exceção, mas denso e com corpo, e com algum grau de complexidade, as lembrar os velhos da Quinta de Saes, mas bastante masi barato. Bela pomada.

Vale de Barris, Palmela branco 2011, 12,5% de álcool, Moscatel. Um branco é sempre um branco: falta-lhes sempre qualquer coisa, falta-lhe sempre o corpo e a aspereza dos taninos, parece que estou a beber urina de bêbedo. Mas enfim. É um vinho doce, pouco ácido, cheira bem, é bonito, mas é branco.

Vinha d’Ervideira, Alentejo tinto 2008, 13% de álcool, Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. Estagiou em carvalho francês e americano. Um pouco adstringente, mais doce e menos ácido. Um vinho bem feito, honesto, razoável.

Fonte do Nico, Península de Setúbal tinto 2010, 12,5% de álcool, Castelão. E a surpresa começa logo pelo pouco álcool. Comprei-o por isso, e também por ser da região de Palmela. Depois abri-o e elegi-o como o melhor vinho corrente dos últimos meses.Adstringente, seco, um pouco de acidez, uma mistura de sabores que acompanha bem pratos típicos portugueses. Já comprei mais duas para fazer a contraprova.

Ossa, Alentejo tinto 2010, 13% de álcool, Trincadeira, Castelão e Aragonez. Áspero, meio adstringente, meio doce, pouco ácido. Uma boa mistura, embora das três vezes que o bebi tenha ficado com dor de cabeça. Tenho que comprar outra para contraprovar.

Por fim vieram os biológicos – vinhos de uvas sem adubos de síntese – comprados na Biocoop.

Tinta Grã, Palmela tinto 2008, 13,5% de álcool, Castelão e Cabernet Sauvignon, proveniente de cepas com mais de 30 anos de agricultura biológica, e com estágio em carvalho francês e americano. Produção limitada de 2570 garrafas. Comprei mais duas. Um belo vinho, com um sabor áspero típico de Palmela, embora desta vez uma das garrafas parecesse mais enxofrada e a outra sabia a pipa. Tenho que comprar mais duas para a contraprova.

Vinha da Malhada, Lisboa rosé 2011, 12% de álcool, uvas de agricultura biológica. Um rosé é um branco tingido. Alguns são mesmo brancos sujos. Comprei-o por engano, pensei que era tinto. Falta-lhe taninos, claro. Bebeido frio parece um refresco. Talvez seja bom para sangria.

Cepa Pura, Lisboa tinto 2010, 13,5% de álcool, Trincadeira, de agricultura biológica. Estonteante. Se querem provar um vinho que sabe a amoras, provem este. Esqueçam os outros todos e os palatos dos escançãos: aquilo é tudo treta. Isto é amora, e forte. Para além da amora quase caramelizada, este vinho tem uma segunda caraterísticamuito particular: estala na boca. Muito mais do que qualquer Cabernet Sauvignon. São estalidos constantes. Até fico desconfiado se as uvas não foram cultivadas perto da central nuclear de Sacavém. Nove meses em carvalho americano e francês. Uma micro-produção de 2130 garrafas. Tenho que comprar mais 10.


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