Vinhos de Natal

O Passos esteve cá, acompanhado pelo Xerife de Nottingham e o Cardialavaco vampiroso… Vinham cobrar tributos, beber vinho alheio, ainda tentaram forçar a entrada, puseram o pé à porta, mas o meu cão (treinado para a ocasião – 3 dias sem comer) comeu-lhes o pé! E foram bater a outra porta…

Comecei com uma zurrapa do Pingo Doce. Estes gajos conseguem ter uma série de prateleiras com os piores vinhos de Portugal e África todos juntos. Piores que os da pipa da tasca do Matias.

Herdade da Figueirinha, Alentejo tinto 2008 Reserva, 13,5% de álcool, Trincadeira, Aragonez, Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional. Tão martelado que ainda lhe senti as limalhas da cabeça do martelo. Não é tão mau como o Moita Velha (mistura de vários vinhos da UE), mas anda lá perto. Passei à zurrapa nº 2.

Fonte da Serrana, Alentejo tinto 2010, 13,5% de álcool, Aragonez, Trincadeira e Touriga Nacional. Um bocadinho melhor que o anterior, e no dia seguinte até se bebe melhor, até já jabe a vinho: um toque de adstringência, suportado por um travo doce e ácido. Mas ainda é preciso puxar pela imaginação… o facto de estar em garrafa escura ajuda a perceber que é vinho. Farto de ser enganado, passei a um vinho honesto.

Quinta da Ponte Pedrinha, Dão tinto 2008, 13,5% de álcool, Tinta Roriz e Jaen. Um vinho típico do Dão, totalmente honesto, um pouco mais áspero até do que o standard da região, o que é bom – muito bom! – porque lhe rouba no toque enjoativo típico dos vinhos da zona. Um pouco mais ácido e áspero que os fantásticos vinhos do Álvaro de Castro, quase a lembrar os Douros, no tempo em que se podia confiar nos vinhos do Douro. Recomendado!

Escasso, Douro tinto 2008, 14% de álcool, sem mais informação. O melhor de todos desta crónica. O melhor equilíbrio entre doce, ácido, áspero e envelhecido. O Douro tem condições fantásticas para fazer vinho excecional… é preciso é saber fazê-lo. E este sabe.

Chegou o Natal. E com ele veio um Periquita, Sado tinto 2009, 13% de álcool, Castelão, Trincadeira, Aragonez. Um standard, bem misturado, abaixo do Escasso, mas muito bem bebível.

E também um João Pires, Setúbal branco 2010, 11,5% de álcool, Moscatel. Um standard, toda a gente conhece.

Casa Ermelinda Freitas, Sado tinto 2009, Syrah, 14,5% de álcool. Com tanta madeira que deve ter caído em pequenino num barril de carvalho americano. Não aconselhável.

Cartuxa, Alentejo tinto 2009, 14% de álcool, Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet, 12 meses em carvalho francês. Um vinho imaculado. Mais sólido e denso que o Escasso do Douro, mas muito mais caro. E o Escasso é mais fresco, bom para cortar os exessos de Natal.

Bons copos!


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