Top Porco Especial Crise Financeira

Esta é uma grande responsabilidade. A responsabilidade de fazer um Top Porco Especial dedicado à crise financeira. Não sei se estamos à altura de tamanha responsabilidade. E é exactamente por isso que avançamos. Caso contrário não faria sentido.

Um post Top Porco é sempre um clássico. Os grandes momentos definidores do Top Porco são provavelmente top porco, porco-rei e int. Desde o princípio da crise que se sente a necessidade de um Top Porco Especial Crise Financeira. Porque a crise vai continuar, e porque a criatividade humana não tem limites, o Top Porco que aqui apresentamos é provisório. No fundo, temos fé na natureza humana. Temos fé em que os mesmos e outros personagens continuarão a dar o melhor de si. No nosso Top Porco!

Aqui vão então as Nomeações para o Top Porco:

SEC – Aboliu, em 2004, a Net Capital Rule, permitindo às instituições financeiras empréstimos/alavancagens/lucros/riscos fenomenais. Após isso, vigiou as instituições financeiras da maneira que agora se sabe.

FED – Aboliu a publicação de M3. Em 2006. Na prática, aboliu a publicação do dinheiro que as instituições financeiras estavam a criar. Aboliu a publicaçao de M3 com o argumento de que o M3 não tinha importância. Contrariando tudo o que se ensina de economia em qualquer universidade. Aboliu o M3 após 50 anos de publicação ininterrupta. Afinal de contas parece que o M3 tinha mesmo importância.

FED– Falhou a 100% na supervisão dos mercados e agora põe o contribuinte a pagar. Directamente com a intervenção estatal e indirectamente com a inundação de dólares, ou seja, com a inflacção.

Paulson – Secretário de Estado do Tesouro. Pediu 700 000 milhões para resolver a crise financeira. Mas está farto de saber que os 700 000 milhões de dólares são insuficientes para resolver a crise financeira. Só o primeiro estoiranço, o de Fannie Mae, exige mais do que esse dinheiro. Os 700 000 milhões talvez cheguem para um mês. Para chegar às eleições. E talvez nem isso.

Paulson – Secretário de Estado do Tesouro. Como se não fosse o responsável-mor da crise, reclamou poderes especiais para dar dinheiro a quem lhe apetecesse e inocentar quem lhe desse jeito. Num delírio ditatorial e senil pretendia ainda que as decisões por si tomadas não pudessem ser alteradas por qualquer tribunal ou governo posterior. O homem é perigoso. Devia estar internado.

Os media – Ninguém disse nada. Ninguém sabia o que era M3. Tadinhos. Ninguém percebeu o novo Bretton Woods à canzana. Desde os media de referência até aos especializados em economia, bolsa, etc. Ninguém. Todos parecem surpreendidos. Cá e lá fora. Por cá é demais. Mal empregue dinheiro em expressos e jornais de negócios. Mal empregue tempo a ouvir previsões da bolsa, a escutar constâncios, marcelos e outros. Foda-se. Peritos da caca. Isto está cheio de cientistas de merda. Espero que os do CERN sejam melhores. Se não forem, fica resolvida a crise financeira.

Os media – O discurso da falta de confiança. Segundo os media a culpa da crise é da falta de confiança. Patético. Existe falta de confiança porque não existem motivos para ter confiança. Só isso. Os grandes compradores são profissionais. Se fosse só falta de confiança a despropósito certamente alguém apareceria para aproveitar a oportunidade dos preços baixos. Os media afinal não acreditam no mercado. Quer dizer, acreditam às 2ªs, 4ªs e 6ªs. As negociações salariais são às 3ªs, 5ªs e sábados.

Os media – A forma com pintaram a aprovação do plano paulson pelo congresso na segunda tentativa. Nos media pintou-se a aprovação como “um finalmente ganharam juízo e portaram-se responsavelmente, coisa que não tinham feito da primeira vez”. Na verdade a aprovação faz corar de inveja qualquer queijo limiano. A aprovação do plano Paulson surge em simultâneo com benefícios muito estranhos atribuídos a produtores de flechas, importadores de rum, produtores de televisão, de cinema e, last but not the least, ao sector automóvel. Este último recebe 25 mil milhões de dolares (5000 milhões de contos). Dava para fazer uma dúzia de autoeuropas, uma em cada país da antiga UE. É o lobbying no seu melhor.

BCE – Andou a inundar o mundo de euros por causa de uma crise que se dizia “americana”. A crise continuava americana e o BCE não parava de inundar o mundo com euros. Uma autêntica madre teresa de calcutá.

BCE – Falhou a 100% na supervisão dos mercados financeiros europeus. Agora põe o contribuinte a pagar as compras de bancos pelos estados europeus.

BCE – Após anos de um discurso anti-inflaccionista castrador virado para os salários revelou-se uma puta doida. A imprimir notas enquanto houver toner. Ontem fui comprar toner e estava esgotado…

WTO – A WTO, Organização Mundial do Comércio, é a expressão organizacional da globalização. É o guardião da concorrência. Promove-a como ideologia. Aplica multas aos estados que desrespeitam as leis de mercado. Aos estados que de alguma forma distorcem a concorrência. A WTO não deixa os governos intervir na economia. Assim se perderam milhões de empregos. Assim se destruíu o estado social. Assim se encheu a barriguinha dos europeus com OGMs americanos. Agora os estados dão descaradamente dinheiro aos bancos. Vale tudo. A WTO remete-se ao silêncio. Vira a cara para o lado e assobia.

OCDE – Sabem muito de economia. Os seus relatórios, previsões, análises e avaliações legitimam políticas económicas dos governos. E políticas sociais também. Sabem tanto de tudo que até sabem de políticas educativas. Todos os anos ouvimos falar das previsões da OCDE. Nada disto estava nas previsões deles. Mais uns cientistas de merda.

Lehman Brothers – O Banco americano enfiou um belo barrete ao KfW Bankengruppe, um banco alemão. O Lehman sacou um empréstimo de mais de 400 milhões de dólares (cerca 100 milhões de contos) do KfW Bankengruppe. No mesmo dia abriu falência. O banco alemão ganhou o título de “o banco mais estúpido de toda a Alemanha”. Foi esse o título de primeira página do jornal Bild.

Lehman Brothers –Transferiu de Londres para os EUA a módica quantia de 8000 milhões de dólares (mil e seiscentos milhões de contos, o suficiente para fazer dois aeroportos). Três dias depois decretou falência nos EUA. Agora os novos responsáveis da Lehman Europe exigem o dinheiro de volta. Podem esperar sentados. Até lhes doer o cú.

SEC – Propõe alterar as regras contabilísticas para as empresas financeiras. Da cnn (1 de Outubro 2008): ” In plain English, banks may not be forced to take huge writedowns on investments that lost all their value.” No fundo, apenas mais do mesmo…

Socrates – Deu uma garantia ilimitada aos depósitos. Ou seja, estendeu aos ricos e aos muito ricos a garantia legal que existe para os depósitos até 25 000 euros. E deu a entender que era para proteger os coitadinhos…

Socrates – Veio-nos informar de que agora, graças ao trabalho do seu governo, existe uma folga orçamental que nos permite fazer face à crise financeira. Leia-se, enterrar o dinheiro do estado nos bancos. Em pleno ano de terrorismo fiscal justificado com o mau estado das finanças públicas. Prepara-te contribuinte. Vão enterrá-lo todo.

Presidente do Banco de Portugal – O presidente do banco de portugal disse que é importante que as pessoas não acreditem em rumores. “Acreditem só nas declarações das entidades oficiais”. Brilhante. Depois disto tudo, as pessoas pelo mundo fora devem ter muitos motivos para acreditar nas contabilidades das empresas e nos órgãos que regulam a actividade bancária. Dasseeee…

And the winner is:

Paulson – Como se não fosse o responsável-mor da crise, reclama poderes especiais para dar dinheiro a quem quiser e inocentar quem lhe apetecer. Num delírio ditatorial e senil exige ainda que as decisões por si tomadas não possam ser alteradas por qualquer tribunal ou governo posterior. O homem é perigoso. Devia estar internado.

Big man, pig man, ah!ah! charade you are…

Paulson é assim o grande vencedor do Top Porco Especial Crise Financeira. Galardão que lhe é atribuído por este chornal. Confirmado com o selo abaixo. O selo que atribuímos aos vencedores do Top Porco. O grande selo Porco-Rei.