Tristes latitudes


Creio que o deus papão chamado déficit já foi suficientemente desmascarado para se entender que o
déficit é a garantia de trabalho das gerações futuras.

Alicerçar uma politica económica em concepções éticas pré medievais conduzidas por uma cripto soviética anafada e que padece de miopia centro-europeia, só nos vai colocar a níveis económicos anteriores ao renascimento, próprios de uma economia de subsistência.
Tal não é compatível com a actual estrutura económica globalizada.

O empobrecimento é garantido quanto se retira ao estado o papel motor da economia, inibindo-lhe as políticas de fomento e circulação monetária assentes na emissão de déficit e cobrança de impostos.

Quebrando o ciclo monetário pela transformação do estado numa imensa máquina de cobrar juros para os agiotas internacionais anónimos, o fluxo monetário perde circulação e estiola, pois é absorvido inexoravelmente pelos buracos negros dos fundos financeiros globais.

A ética vigente é sempre uma ética da classe dominante.
E este neo liberalismo sem classe, está-se a perverter para um neo esclavagismo por via do esvaziamento da classe média e da concomitante emergência de super ricos, intocáveis e impunes, num vasto oceano de magros assalariados cujo horizonte é a subsistência estéril, sem capacidade económica para constituir família.

Tristes latitudes…


3 comentários a “Tristes latitudes”

  1. Quanto mais próximo da unidade se encontrar o coeficiente de Gini mais próximo nos encontraremos da escravidão da da revolução! Para um destes pólos temos vindo a caminhar estoicamente…
    Paulo Gil

  2. Os super ricos franceses de 1789 e os seus congéneres russos de 1917 também eram intocáveis e impunes…

  3. É o sentimento de inevitabilidade que nos é passado pela classe dominate acerca deste emprobecimento mais ou menos acelerado que nos vai inibindo de outros caminhos e outros argumentos.
    Mas, relembrando o poeta “[…] quando levaram os operários, não me importei porque não era operário. Quando levaram os comunistas não me importei porque não era comunista. Agora levam-me a mim e quando percebi já era tarde […]”
    Quando percebermos que a inevitabilidade não é mais que um paliativo para nos mantermos mansamente a produzir em silêncio na esperança que um dia, num futuro longínquo, deixemos de ser vilmente espoliados dos frutos do nosso suor, citando outro poeta “[…] sentado à espera da revolução. A cadeira não é minha é do patrão […]”, ou neste caso a “cadeira” não é minha mas dos “agiotas internacionais”, então sim, consciencializaremos que atingimos o ponto sem retorno e nada mais teremos a perder. Seguiremos o exemplo, não da Grécia, mas o da Islândia com quem culturalmente nada temos em comum a não ser este enfartamento de escassez.

    Ou em apenas duas palavras: Concordo plenamente.

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