Uma vez, quando vim da Índia, fui parar à Alemanha.
Naquele tempo, como de costume, os alemães praticavam a caça às bruxas e similares. Os judeus estavam na linha de mira. Tristes mentalidades.
Mas eu vi-me em perigo, em grave perigo, porque o gordo estúpido arrebentou com o meu estaminé de cartomante e obrigou-me a interrogar judeus. Tudo e todos podiam ser denunciados como bruxas, perdão, judeus. Tristes mentalidades.
O homem estava à minha frente. Franzino, estiolado pelos maus tratos. Mas intelectualmente brilhante.
E disse-me:
“Pensam que são superiores mas não sabem calcular a probabilidade de, num casal com duas crianças, serem ambas meninas se uma das crianças o for e se chamar Ana.”
Sobrevivi àqueles anos, e acho que o homem também, embora nunca mais o tenha visto.
Muitos anos depois descobri qe o enigma da Ana é bastante subtil.
Mantendo os pressupostos, o valor de:
“Qual a probabilidade de, num casal com duas crianças, serem ambas meninas se uma das crianças o for e se chamar Ana.”
é diferente de:
“Qual a probabilidade de, num casal com duas crianças, serem as ambas meninas se uma das crianças o for.”
Aprendi que não sabia nada de probabilidades, e que não se pode confiar nos (dirigentes?) alemães.
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