Gosto de ser professor porque gosto de ensinar. No ensino sempre me pautei pelo rigor e isenção e sempre respeitei quer alunos quer colegas, como gosto que me respeitem também a mim. Além disso, ainda me lembro dos professores que me marcaram, porque com eles aprendi, e daqueles que me fizeram mudar comportamentos, atitudes e mesmo a carreira profissional.
Sou professor universitário há muitos anos, mas antes fui professor do ensino sencundário. Numa altura em que a sociedade civil já apresentava alguma maturidade em termos de “liberdade” (pelo menos de expressão), mas já começava a dar mostras que cedo descambava no descrédito daquela profissão. Deixámos de ser vistos como agentes ensinantes, e formadores, e passámos a ser vistos como baby-siters pelas ordes de papás que não apresentam a mínima consideração pelo trabalho dos “ensinantes”, querem é que lhes tomem conta dos filhos. Os alunos, esses passaram a ver os profs não como uma figura de mestre que se respeita porque nos ensina (aliás, deixou de haver respeito nesta sociedade fast-food), mas quase como os (igualmente necessários) auxiliares educativos ou, pior, como inimigos a abater.
A educação está um caos (já aqui o referimos várias vezes), mas os valores de respeito da sociedade, infelizmente, também.
Bater num professor deixou de ser punível com expulsão da escola. Filmar com o telemóvel na sala de aula, até é “fixe”. Uma participação de um aluno ainda trás mais problemas ao professor e à escola (aproveitamento escolar), por isso, cala-se, como se cala a violência doméstica. A insegurança instalou-se, a violência também.
Além disso estes jovens serão os futuros adultos, cidadãos de pleno direito, votantes. O que virá a seguir? Bater em quem quer que seja na rua ou em casa, deixará de ser punível (ponto)!!!!!! Vai deixar de fazer sentido a APAV?, e a polícia? Que leis nos vão reger no futuro?
Sou professor e temo pelo futuro, pelo desrespeito pelo cidadão.
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