Uma das boas “obras” que a restauração da monarquia constitucional, em 1833, nos proporcionou foi a criação em 1835 do Conservatório Nacional, que teve como directores, entre outros, João Domingos Bomtempo e Vianna da Motta.
Pois é, esta instituição de mais de 170 anos, que a partir do 25 de Abril tem tido mais política e menos música, mas que já nos deu Maria João Pires, Bernardo Sassetti e tantos outros, se depender do nosso (des)Governo, tem os dias contados.
Já não se trata de destruí-la devagarinho, como até aqui, deixando-a cair aos bocados, com o órgão do século 18 a deteriorar-se ou o Salão Nobre quase a ruir sobre a plateia. Desta vez, a Ministra quer fazer o serviço de uma só vez. Com três golpes tão rápidos e certeiros que, espera ela, ninguém vai sequer perceber o que se passa.
i) acabar com os Cursos de Iniciação; privando as crianças dos 6 aos 9 anos de idade de ter acesso às 6 horas semanais de instrumento, orquestra, formação musical, coro e expressão dramática hoje ministradas pelo Conservatório;
ii) matar o Ensino Articulado, onde adolescentes com talento musical têm conciliado a formação artística de alto nível do Conservatório com a frequência às outras matérias da sua escola habitual (quem quiser ser músico, a partir de agora, tem que decidir profissionalizar-se aos 10 anos de idade – sem poder voltar atrás);
iii) e o golpe de misericórdia é dar cabo do Ensino Supletivo, o regime que tem formado, ao longo dos anos, a maior parte dos músicos portugueses, de Alfredo Keil a Pedro Abrunhosa, passando por centenas e centenas de outros.
Sem músicos, sem público educado para a música, já se vê o que a Ministra pretende: reduzir-nos ao silêncio.
Porra, mas que país é que andamos a (des)formar?
Segunda feira, dia 11 de Fevereiro, às 10 da manhã, junte-se ao Coro de Protestos do Conservatório Nacional. Se é músico, leve o instrumento. Se é um simples amante da música, já tem o instrumento que é preciso -a sua voz. Vamos cantar/gritar tão afinados que até a Ministra, que faz o género surda, vai ter que ouvir.
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