Bebe mais um copo

Aproveito o embalo e comento mais um vinho. A semana passada, fui a casa do meu primo rico, aquele que tem uma piscina! Vamos lá todos os anos – uma vez por ano, não queremos abusar – e desta vez levei duas garrafas de vinho: um Borba tinto reserva de 2003 e um Château de Bellevue tinto 2003 (?) produzido sem químicos.

Ora, é mesmo deste Castelo da Belavista que vou falar hoje. É um vinho francês, produzido sem químicos, ou melhor, produzido segundo um caderno de normas europeias da agricultura biológica, que permite uma utilização mínima de produtos químicos que, no caso deste vinho, foi apenas a calda bordalesa (sulfato de cobre) durante o crescimento das uvas (daí o Contient des sulfites no rótulo).

Já bebi muitos vinhos produzidos sem químicos, mas há poucos que se tenham aproximado, no sabor, aos vinhos não controlados(1) que tenho bebido e comentado neste blóguio.

Uma dúvida que me assaltava, mas que pelos vistos é geral, é a de que o sabor dos vinhos é obtido em laboratório. Ao mesmo tempo, eu estava convicto de que as castas certas misturadas na proporção correcta, fermentadas em pipas de madeira em condições de temperatura e humidade adequadas, deveriam produzir uma mistura de sabores e odores equivalente à dos vinhos não controlados.

Há umas semanas atrás confirmei esta última convicção depois de provar um Dão produzido sem químicos e o referido Château de Bellevue. São ambos vinhos de qualidade gustativa equivalente aos vinhos não controlados descritos neste blóguio, com a vantagem de – exceptuando os sulfitos – serem apenas sumo de uva fermentada.

Remato com algumas vitórias da biotecnologia, para deixar os meus leitores a pensar sobre aquilo que andam a comer: injecção de adoçante no pé dos melões sem sabor, pílulas anti-concepcionais no adubo das alfaces para acelerar o crescimento… Este mundo está cada vez mais interessante.

(1) O que implica que podem conter toda uma variedade de químicos modificadores de sabor.


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Comentários

Um comentário a “Bebe mais um copo”

  1. Avatar de nick name
    nick name

    Ora aqui estão os casos em que um gajo literalmente morre da “cura” 🙂

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