Como em outros aspectos da vida socioeconómica (ou será sócio-económica?!) Portugal também não teve uma “visão” unificadora da ortografia, e, de “desenrascanso” em “desenrascanso”, os primeiros acordos são já do século XX (ou dever-se-à escrever 20?!). Mesmo após revisões, durante muito tempo até tivemos duplas grafias pelo meio. E cá nos temos “desenrascado”, que nisso somos bons…
O “acordo” em vigor é de 1990, e foi assinado por um tal de Pedro Miguel de Santana Lopes, secretário de estado da cultura, mas se o acordo visava unificar a escrita do português, ficou-se pelas boas intenções, dado que apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da CPLP.
A Assembleia da República debate agora a 15 de Maio a proposta de resolução do Governo que contribuirá para a ratificação do Acordo Ortográfico pelo Estado Português.
Mas não chamem nomes pomposos às coisas -chamem-nas, como aos bois, pelos nomes. Sou dos que pugnam pela mudança quando é adequado. Não me prendo aos saudosismos, muito menos das grafias. Mas este “acordo” é mais uma maquievelice comercial dos tempos modernos. Vejam o que os outros pensam e “nós por cá” nem comentamos…
Longe vão os tempos em que a língua era aquilo que povo falava…
Mas o povo somos nós, caramba. E se pretendem modificar de forma significativa um dos símbolos nacionais, e a língua, o hino ou a bandeira estão ao mesmo nível (antigamente até se dizia que a moeda também, mas… o economicismo…), deveria ser obrigatório um referendo nacional que deveria ter expressão eleitoral como para alteração da Constituição.
Mas se também nem fomos ouvidos para a ratificação do “tratado de Lisboa”… que estavam à espera?
E acham que as petições resolvem alguma coisa?
Raio de tempos… luzes da ribalta para políticos e interesses económicos … os grandes “valores” actuais… ou será atuais?
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