crise

A crise instalou-se. Mas há coisas que são complicadas de analisar.

Quando em 2001 as torres gémeas do WTC foram mandadas abaixo (e nem vamos comentar se foram os terroristas da al-Qaeda ou os da CIA) a ideia foi desenvolver a indústria -de armamento, de construção civil, de tudo o que diz respeito à segurança aeroportuária e outras… tudo o que nos EUA estava estagnado.

Claro que isto arrastou a economia (de escala) -para desenvolver essas áreas é necessário energia, e energia nos EUA quer dizer petróleo.

Todos sabemos como se identificaram os “alvos” e “eixos do mal” com “armas de destruição maciça” em função dos galões (ou barris) passíveis de serem extraídos (extorquidos) desses países. E é fácil incutir ódio anti-terrorista quando se quer e se prepara o terreno.

O “negócio” correu tão bem (do ponto de vista não militar) que se pediram empréstimos brutais para os financiamentos e durante uns tempos gerou-se riqueza “bruta”. Mas esta fluidez de capital estava associada a muita especulação e não correspondia a um verdadeiro superavit. E neste mundo post-moderno do lucro fácil estas são condições favoráveis à emergência de mercados e de negociatas envolvendo as promessas -e há lá coisa melhor que a promise land ?!

A economia offshorizou-se, o imobiliário disparou a especular ainda mais, e o dinheiro virtual de bens virtuais passou a governar.

Isto ainda com os empréstimos e o petróleo ainda a preços decentes

E deu para tudo -desde o surgir de empresas de aviação a fazer viagens entre Lisboa e Londres a 10 euros (ao mesmo preço de Lisboa-Porto em camioneta), até às aplicações financeiras com ganhos brutais (sim, mais de 100% em 2 meses nalguns casos).

Não misturemos as negociatas que envolvem freeports e BPN’s e  bancas-rotas em empresas mundiais, mas … “a oportunidade faz o ladrão” diz o adágio… e o resto é conversa.

Claro que este sistema preso com cuspo tremeu na primeira ventania, e o baralho de cartas a desmoronar-se está ainda fresco na nossa memória.

E quando as coisas começaram a tremer, foi mesmo um terramoto. Insolvências passaram a bancas-rotas, até de países, como a pacata Islândia.

E se não há solvência nas empresas… não há nos bolsos… e se não há $$ disponível, não há $$ para investir… lá se foi o imobiliário.

O BCE pediu taxas até aos 4% e a Euribor, gulosa, pedia até aos 5,25%. A acompanhar, o petróleo começou a disparar … e subiu até aos $USD147 preço antes inimaginável e fora de qualquer razoabilidade técnica e financeira.

Mas a confusão era tanta que o preço “real” do petróleo -em Euros- estava quase ao preço de 5 anos atrás, mas os produtos derivados que nos enchem os depósitos dos automóveis estavam -em euros- 50% mais caros, sem que ninguém percebesse como………

Obviamente a situação tornou-se insustentável e começaram as falências… desde as low-cost até às empresas de capitais tóxicos.

Vamos dar a volta -injecte-se dinheiro vivo nos bancos, decretam os governos -ahhh grande Marx, que deves dar voltas no túmulo. Reuniões de emergência dos G7/G8 e outros G’s para ver o que fazer… o fazer o que se puder.

Ordem na casa. Decrete-se a baixa do $$ -a Euribor neste momento está no seu limite mínimo de sempre; o $$ está mais barato (1.90%) do que o BCE pede (2.0%). Alguém me sabe o que quer isto dizer??? O petróleo, mesmo com a ingerência do recentemente referendado ditador Chavez, veio para os USD$40.

De todos os sectores, mas principalmente do sector empresarial, se tenta passar a noção que a “crise” se instalou. Fala-se em recessão técnica. Depois passa-se à recessão material. Diminuem as vendas por todo o lado (e esse é um facto real), diminuição que é maior nos sectores de bens não essenciais, como o automóvel, mas… paremos um pouco.

Diz-se, em vários países europeus e Japão, que a crise é a maior desde a 2ª Guerra Mundial. Em Portugal não, porque aqui o António, o Oliveira Salazar, não nos fez entrar na Guerra (e por isso foi eleito o maior português de todos os tempos… grandes heróis são assim) e a crise está “apenas” a níveis do início dos anos 80.

Mas verdade seja dita que a vida nunca esteve tão bem como agora. Técnica e materialmente temos acesso a muito mais bens que em qualquer altura da história.

Qual o papão do momento? O desemprego.

Claro que a produtividade diminuiu porque a procura também o fez. A crise é real, neste caso, para as pequenas empresas, que deixam de poder existir.

Mas as grandes empresas, e ainda mais evidente nas financeiras, aproveitam-se do momento. Dizem, com espectacularidade, que os seus lucros diminuíram nalguns casos 70% em relação ao ano passado.

Momento de pausa. O que se pretende com uma empresa? Bem, ninguém trabalha de borla, portanto procura-se o lucro. Mas uma diminuição de 70% dos lucros, não quer dizer que houve prejuízo. E é isso que querem fazer passar para a opinião pública, despedindo pessoal alegando que “não pode ser”… mas nalguns casos nem há prejuízo, foi mesmo só o lucro que diminuiu.

Este mundo é mesmo complicado.


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Comentários

Um comentário a “crise”

  1. Avatar de Maquiavel
    Maquiavel

    Pera lá… estavas a ir bem… mas… “ditador Chavez”? Sem aspas para o “ditador”?

    Entäo o homen ganha umas 11 eleiçöes sem fraude e é ditador? Populista, sim, mas ditador… aguenta aí os cavalos à mäo, meu caro…

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