A minha filha mais nova – com os seus 3 anitos – é um espanto. Ontem atirou-se de cima da minha cama para voar como o Super Homem. Estou farto de lhe dizer que Super Homem nem nos EUA, mas ela não faz caso. Caiu de nariz no chão, sangrou, inchou e agora parece o Belarmino – o boxeur.
O Belarmino foi imortalizado pelo Fernando Lopes num filme de 1964. Para além do pugilista de origem humilde e destino incerto retratado pelo realizador de Uma Abelha na Chuva, Belarmino era um tipo que vivia de esquemas. O tio da minha mulher foi um dia ter com ele à Rua das Portas de S. Antão, antes de 74, para este lhe arranjar um documento que permitisse ao meu tio emprestado ir para as Colónias. O Belarmino era conhecido por tratar dessas coisas: era necessário o BI e mais umas notas de conto. O BI conseguiu-o recuperar uns meses mais tarde. As notas de conto nunca mais. Mas quem é que ia discutir com um pugilista do submundo?
Tal como o Belarmino, a minha Belarmina gosta de copos. O Belarmino bebia copos de 3 numa taberna junto aos Restauradores. A minha filha prefere joLas Vieira que, fresquinhas sobre o nariz, ajudam a passar a dor.
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