Durante anos fomos brindados com opiniões de peritos sobre as consequências desastrosas, para a economia e para todos nós, de praticamente todas as medidas que constituíam o cerne do estado social. Qualquer forma de protecção ao trabalhador ou ao cidadão era apontada como uma ameaça à competitividade do país. Ao mesmo tempo qualquer forma de regulação sobre os capitais era vista como uma ameaça à liberdade individual, à atracção de capitais e à capacidade empresarial dos que criavam a riqueza da nação e o emprego de todos nós.
O expoente nacional desse discurso é o sr. neves. O sr. neves é um reputado economista e escreve no DN uma coluna com o significativo nome “não há almoços grátis”. A coluna é dedicada essencialmente à economia, mas estende-se com não menos entusiasmo ao sindicalismo, política, ensino, religião, família ou vida sexual dos portugueses. É, no entanto, na economia que o homem é incontornável, e quem quer que se tenha interessado pelo estudo da economia já se cruzou com ele ou com os escritos dele.
A frase do sr. neves, nao_ha_almocos_gratis, não é original, nem ele reclama que seja, e nesse sentido não engana ninguém. A frase “não há almoços grátis” significa que tudo é pago pelo contribuinte, todos nós, que assim nos tornamos vítimas das chamadas políticas sociais. A frase é do Friedman, prémio ignóbil da economia, guru da visão neoliberal. A mesma visão neoliberal que agora decreta a intervenção do estado em favor dos capitalistas com o correspondente assalto ao contribuinte. Agora já há almoços grátis. Para alguns…
agora_ja_ha_almocos_gratis@gmail.com
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