Línguas e Grelos

Juntámo-nos à volta de um belo arroz de línguas de bacalhau com grelos. Alguns grelos baldaram-se… tiveram medo das línguas… Mas enfim, lá se fez a festa. O arroz foi confeccionado de forma mais ou menos clássica, excepto o pimento – removido de propósito – e o esquecimento do azeite! Para acompanhar abriram-se umas garrafas ou, dito de outra forma, fizeram-se umas purgas às garrafeiras do pessoal.

Abrimos com um Porca da Murça, tinto Douro 2006, um clássico da Real Companhia Velha, castas tradicionais, 13% de álcool,ácido e doce qb, um belo vinho novo para abrir as hostilidades.

Passámos ao Escolha de António Saramago, Alentejo tinto 2001, 14% de álcool, Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet, estágio em carvalho francês. Um vinho mais robusto, com sabor forte a madeira, já apreciado neste Chornal (a edição de 2004).

Seguimos de imediato para um Periquita, Sado tinto 1996, Castelão Francês e Espadeiro, 12,5% de álcool. Um vinho que precisou de arejar pois já estava fechado há 12 anos numa garrafa de 1,5l. Com um sabor seco e ligeiro a madeira, bastante fresco apesar da idade.

Terminámos a primeira rodada com uma novidade: Quinta Lagoalva de Cima, tinto Ribatejo 2004, Tinta Roriz e Touriga Nacional, 13,5% de álcool, proveniente de uma vinha com 6 anos e com estágio de sete meses em carvalho francês.

Vieram depois os licores algarvios para os apreciadores.

Já no rescaldo do jantar, abrimos o último Murganheira, Douro Reserva tinto 1994, Touriga Nacional e Tinta Roriz, 12% de álcool, [carvalho francês].

Depois, para os sobreviventes, veio ainda um Mestre Franco, Alentejo tinto Reserva 2005, da Granja da Amareleja, Moreto, Aragonês, Trincadeira e Alfrocheiro, 13,5% de álcool. Uma bela pinga, fresca e encorpada, como nos tem habituado a cooperativa agrícola da Granja.

Por fim tentámos, mas não resultou. A garrafa de Reserva Especial, Douro tinto 1980, da casa Ferreirinha, 12,5% de álcool, já tinha perdido a frescura há muitos anos. A rolha explodiu assim que tentámos abrir a garrafa e verteu 1dl de vinho sobre os curiosos. Depois de provado, estava um belo vinho para se juntar às prateleiras de vinhos envelhecidos da Vialonga. Nem se conseguiu beber. Não era vinagre, mas também não era vinho. Vendi-o para uma fábrica de tingimento de tecidos.

Quanto ao karaoke, as línguas ganharam aos grelos, mesmo aos grelos mais bem treinados!


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Comentários

4 comentários a “Línguas e Grelos”

  1. Avatar de Paulo Coelho
    Paulo Coelho

    Já descobri à algum tempo, que após a terceira garrafa, já ninguém aprecia nada…ou melhor, tudo parece Nectar Ambrosiano….

  2. Avatar de alex

    Sim, é verdade. Por isso é que nestas coisas de provas de vinho é bom juntar muita gente.

  3. Avatar de Paulo Coelho
    Paulo Coelho

    Não me faltava mais nada. Comprar essas garrafas todas para os outros apreciarem…

  4. Avatar de alex

    Já bebi copos sozinho e já bebi copos acompanhado. E prefiro acompanhado. Um gajo discute, ouve a opinião dos outros, convive e aprende imenso.

    E há uns truques: podes sempre encher uma garrafa de Barca-Velha com vinho de pacote.

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