A banca portuguesa é como qualquer outra: Como não tem dinheiro infinito no sentido AlephZero, pode sempre ficar arruinada.
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“Escolha um número”, disse-me o banqueiro Aleph0.
“Um número, que número?” perguntei eu?
“Um número qualquer, o que você quiser”
“Qualquer, mesmo qualquer?” disse eu ainda desconfiado…
“Sim, pode ser qualquer um”
“Mas pode ser tão grande como eu consiga imaginar?”
“Sim, o que você desejar, o que você quiser homem!”
“Sem limite, sem condicionamentos?”
“Sim, é isso que lhe estou a dizer!”
“Não consigo” rematei eu!
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A conversa aqui ficou surreal. O banqueiro nunca tinha encontrado ninguém que o recusasse.
Mas eu não estava a recusá-lo. Estava perplexo e confuso!
A minha mulher disse-me: Não te ponhas com essas tuas coisas!
O banqueiro estupefacto vociferava: Não consegue?? Não consegue, como??!
E tive de lhes explicar a minha impotência:
Não consigo porque posso escolher sem nenhuma regra nem limite.
Se o limite fosse 1000, se escolhesse sem regra nenhuma poderia escolher qualquer numero entre 1 e 1000, possivelmente com igual probabilidade cada um deles.
Se o limite fosse 10^1000, o mesmo. Poderia sempre escolher um número entre eles.
Se o limite fosse um número tão grande como aquele que, usando todos os átomos e fotões que a tecnologia me permitire manipular até ao fim da minha vida para escrever esse número, esse número mesmo assim ainda me imporia limites, e seria ainda possível escolher um desde o mais pequeno até ele.
Mas um número sem limite, um Aleph0, não me permite escolher uma boa fatia dele, pois qualquer fatia que eu escolha é, e será sempre finita, ou seja, absolutamente miserável.
E mesmo que procurasse escrever um número, escrever o maior número possível com todos os meios e recursos que a tecnologia coloca ao meu dispor, e que os meus descendentes continuassem com essa tarefa durante gerações e gerações, mesmo assim esse número seria finito, e seria nada comparado com o AlephZero.
Por isso não consigo escolher o número. Porque só posso escolher o número se houver alguma restrição que o sr. Banqueiro coloque e que me impeça de escolher um que seja ainda maior. Se não me coloca essa restrição, não consigo escolher.
O banqueiro Aleph0 afastou-se incrédulo com o que lhe estava a acontecer.
Acabei por aceitar um magro empréstimo de 5000 euros da CGD e o divórcio que ela me pediu.
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Hoje sou mais um teso, anónimo e desiludido.
A banca portuguesa (II)
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Comentários
2 comentários a “A banca portuguesa (II)”
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Tu fazes-me lembrar aquele maluco do Júlio de Matos que só pensava em fazer fisgas para ir aos pássaros.
Um dia o director do hospital pensou que ele já estava curado, porque já falava em arranjar uma namorada. Mas quando o director lhe perguntou o que é que ele ia fazer com a namorada, ele respondeu: “Namoro, caso-me e, depois, na lua de mel, tiro-lhe as cuecas… e arranco-lhe o elástico para fazer uma fisga para ir aos pássaros”.
Todas as tuas conversas vão dar ao Aleph Zero. Já pensaste em namorar uma psicóloga para te resolver eese problema?
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Eu já pensei foi em namorar uma sueca!
Mas saiu-me uma advogada…
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