O petróleo e os cereais têm isso em comum. Os tais de especuladores. Os tais que não têm nome. Que não existem, portanto, não passando de uma invenção, ou que são tão poderosos que não se pode invocar o nome deles em vão. Porque é pecado, pois claro…
Bem, como já foi dito, para especular no preço do petróleo é preciso muito dinheiro. Vamos então enumerar uma lista de gente que tem muito dinheiro e pode beneficiar com a actual dupla crise do petróleo e dos alimentos. Aqui vai:
1) Os países do petróleo que se libertam assim do jugo dos impostos sobre os produtos petrolíferos. 2) As empresas do petróleo nos EUA que assim se libertam das leis que lá proibem a exploração off-shore e que limitam fortemente as possibilidades de exploração no alasca. 3) As empresas do nuclear que andam pelas ruas da amargura – não se faz uma central nuclear nos EUA há 3 décadas – e que assim vêem finalmente uma luz ao fundo do túnel. Para quem ainda não desconfiou de nada, o nuclear está por aí de volta. A Inglaterra quer mais centrais nucleares. Para isso, convidou investidores da Arábia Saudita. 4) As empresas de genética cujos alimentos, OGM, acabaram finalmente de conseguir entrar no Japão.
Basta uma crise temporária de abastecimento de combustíveis ou de comida para tornar aceitável qualquer uma das decisões anteriores. Mas os efeitos das decisões agora tomadas tendem a perdurar. Nalguns casos durante décadas, noutros definitivamente. Pode-se dizer que se trata de especulação, mas também se pode dizer que se trata de um bom investimento.
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