Vinhos caídos

Todos os dias cai um. Caem mais depressa do que eu consigo escrever ou comentar. As garrafas vão-se acumulando e os sabores vão-se esquecendo. Vamos lá ver do que é que ainda me lembro.

Monte Cascas, Douro tinto 2011, 14% de álcool, Touriga Nacional (60%), Touriga Franca (30%) e Tinta Roriz (10%). Assim que o cheirei topei logo os 14% de álcool. Depois meti-o à boca e foi um desconsolo: um vinho suave, linear, com um travo doce e ligeiro a caramelo, mas no fundo parecia água com caramelo e anilina. Kaput.

Cabriz, Dão tinto 2009, 13% de álcool, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, 6 meses em carvalho francês. Um toque a velho, áspero qb, meio doce e meio ácido, um marco do Dão.

Cabriz, Dão tinto 2010, 13% de álcool, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, 6 meses em carvalho francês. Um pouco menos envelhecido que o anterior, mas bastante bom na mesma. Levei-o para um casamento e todas as mi+udas queriam casr comigo!

Cabriz, Dão tinto 2011, 13% de álcool, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro, 6 meses em carvalho francês. Um toque a velho artificial dado pela madeira que se notava mais que nos dois anteriores, mas o resto do travo mantém-se.

Marquês de Borba, Alentejo tinto 2012, 14% de álcool, Alicante Bouschet, Aragonez, Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon. Denso, doce, áspero, uma pomada boa para pratos fortes. Gostei.

Quinta de Camarate, Setúbal tinto 2009, 13,5% de álcool, Touriga Nacional (48%), Aragonez (25%), Cabernet Sauvignon (16%), Castelão (11%), com estágio de 9 meses em carvalho francês. Engarrafado em fevereiro de 2012. Uma bela pomada do Domingos Soares Franco, como sempre, mas desta vez soube-me mais a madeira que o normal.

Ciranda, Alentejo tinto 2012, 13,5% de álcool, Trincadeira, Aragonez e Syrah. Doce e suave, com um toque de adstringência. Comprei-o a medo, mas bebe-se.

Charneca de Pegões, Setúbal tinto 2011 (magnum), 13,5% de álcool, Cabernet Sauvignon, Castelão e Syrah. Uma verdadeira surpresa, uma verdadeira pomada. Um vinho denso, encorpado, doce e acre ao mesmo tempo, enche a boca. Fantástico.

Chão de Xisto, Alentejo tinto 2011 Reserva (magnum), 13,5% de álcool, Trincadeira, Castelão e Aragonez. Um belo vinho também, não tão encorpado como o anterior e também não tão complexo e saboroso, mas ainda assim a repetir.

Papa Figos, Douro tinto 2012, 13% de álcool, com 12 meses em carvalho francês. Mais doce e menos complexo que os papafigos de anos anteriores. Aproxima-se muito do Esteva, mas ao dobro do preço. Está a perder qualidades.

Plansel Selecta, Alentejo tinto 2011, 14% de álcool, Trincadeira, 8 meses em carvalho francês. áspero, acre, encorpado e meio doce. O sabor fica na boca até ao próximo golo. Uma pomada tremenda. Tão bom que apetece beber a garrafa toda de uma vez.

Chão das Rolas, Setúbal tinto 2012, 13% de álcool, Castelão, Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Syrah. Mais doce que o 2011, menos adstringente e menos complexo. Nada de especial.

Pasmados, Setúbal tinto 2011, 13,5% de álcool, Syrah (49%), Touriga Nacional (37%) e Castelão (14%). Complexo, equilibrado entre o doce, o ácido e o adstringente. Ora aí está um vinho do Domingos Soares Franco que é sempre bom. Um pomadão a repetir novamente.

Periquita, Setúbal tinto 2012, 13% de álcool, Castelão.
Adstringente,
melodioso,
canta para a gente,
bebe-se bem,
um vinho corrente,
um vinho guloso.


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