Acabei, há dias de ler um livro interessante: Os Pilares da Terra. Não, não trata de nenhum tratado de auto-ajuda ambiental ou civilizacional que agora vão enchendo os escaparates de livrarias e supermercados para nos aliviar o bolso e a consciência, mas sim de um romance histórico passado na Inglaterra do Século XII.
Tem um episódio curioso que passo a descrever, generalizando: após um período de más colheitas as reservas alimentares baixam para níveis mínimos, provocando o aumento, natural, do preço dos cereais. Após a má colheita seguinte e fruto da má gestão de muitos senhores feudais (mais interessados na guerra civil então a decorrer) os preços sobem e a alimentação escasseia. Alguns senhores feudais aproveitam ainda para açambarcar cereais com o fito de especular ainda mais sobre o preço dos alimentos, potenciando as consequencias nefastas duma nova má colheita.
Ao fim do quarto ano de más colheitas a revolta era generalizada e muitos agricultores (chupados até ao tutano pelos seus senhores) transformaram-se em bandidos, varrendo aldeias, castelos e conventos à procura de comida.
Sendo a sociedade da altura profundamente agrícola, tudo passou naturalmente com a primeira colheita decente, umas mudanças no poder e o regresso aos campos.
É um paralelo curioso, não é? Escrito em 1989.
Será que, nesta sociedade que julga que as ervilhas nascem sem casca, o fim será o mesmo? Ou estaremos realmente muito perto do ponto crítico do relatório Meadows já aqui falado?
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