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O implacável Tsunami apanhava tudo e todos.
Alcançou-me.
Impotente contra o desvario de detritos mutilados que ocultavam a superfície e a esperança de poder voltar a respirar, via e sentia a gélida escuridão hidrica envolver-me.
Esvaí-me…



Acordei pouco a pouco e a senhora estava ao meu lado. Olhei para ela e ela olhou para mim.
Senti-me esquisito, cheio e aflito. “Tenho de ir à casa de banho” pensei.
Tentei levantar-me. A senhora olhou para mim e fez “hmmm, hmmm…” Tentei outra vez e cambaleei de encontro a um mural. Atrás de mim “hmmm, hmmm….”.
Várias coisas naquele mural. Letras exóticas, línguas familiares. Anúncios e um calendário: 319! era o ano.
Mas estava no ano 2319???!
Fui avassalado pelo espanto, pela curiosidade, pela surpresa de ser tudo tão tranquilo e pela dúvida “Mas onde estão todos os meus?”.
E acordei.



Ainda mal refeito, voltei ao dia de hoje.
A sensação de ter estado lá era tão real, tão palpável.
E a certeza de que o ano era mesmo 319, mas o planeta era outro.

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