Para comemorar a morte do 25 de Abril, após a machadada do Cavaco no dia do discurso de tomada de posse, abrimos umas garrafas de tinto.
Em época de crise, na qual já só bebemos água liofilizada, em económicas saquetas com o texto apenso “Basta juntar água”, encomendei uma garrafa de um branco barato, que o dinheiro não dá para mais. Enquanto eu preparava o almoço comemorativo, pedi à Maria: “Traz lá uma garrafa de Camillo Alves branco, que isto o dinheiro não dá para mais”.
A Maria é uma portuguesa típica cheia de iniciativa, e como só havia Camillo Alves branco em pacote e sabe que eu prefiro garrafa, trouxe um Barca Velha tinto, de 99. Ah! grande Maria. Vou passar este ano e o próximo a pagar a garrafa de tinto. E vamos lá a ver se a dívida não se estende para as gerações vindouras. Mas enfim, o tinto estava uma pomada.
Evel, Douro tinto 2007 Grande Reserva, 13,5% de álcool, 18 meses de carvalho. Uma bela pomada. Acompanha bem cão disfaçado de cabrito no almoço da Páscoa. O Evel normal já é fantástico (embora o nosso amigo dos vinhos austríacos não seja da mesma opinião), o Grande Reseva é fabuloso.
Tinto da Talha, Alentejo tinto 2004, 13% de álcool, um vinho surpreendentemente bem conservado, tendo em conta que foi bebido numa almoçarada em Aljustrel, mesmo no meio do Alentejo, depois de já terem passado 5 verões desde que foi maturado. E já tenho apanhado vinhos estragados, muito mais novos, em restaurantes em terras mais frias. Uma bela combinação entre o ligeiramente velho, o fresco e seco, e o frutado. Estava mesmo bom para acompanhar cozido à alentejana, com grão!
Monte da Peceguina, Alentejo tinto 2009, 15% de álcool. Fui enganado. A carta não dizia qual o teor de álcool e quando dei por ela, já o vinho estava aberto. Quinze graus é muito grau. Já tinha bebido um 15% (o Amália Garcia do FNG) e tinha-me dado uma dor de cabeça das antigas. Desta vez deu-me para dormir e depois fiquei mal disposto durante quase 8 horas. Agora já me passou. Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon. 7 meses em carvalho francês. Um vinho denso, espesso e complexo, sem dúvida. Mas os 15% de álcool arrasam com isso tudo. Isto precisa de queijo muito bem seco e pão duro tradicional para poder ser tragado.
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