Era uma noite chuvosa de arrepiar. Dirigi-me à taberna do costume para aquecer e adquirir umas garrafita de bagaço de terceira para oferecer à laia de prendas de Natal e fazer cumprir o plano TFPOP 1.21 (Tás Fudido Pró Ano Pá! Episódio 21 da primeira série) do nosso Zé. A noite piorava, a condizer.
Na taberna, ocupado que estava a escolher os bagaços (do Niepoort e primos), resolvi beber um óptimo carrascão Alicante Bouchet que por lá milita, para aquecera alma e esquecer as agruras anunciadas.
Foi então que o estalajadeiro, vendo-me com ar esfaimado de quem espera empobrecer os tais 20% em 2011, me deu conta de que iria ter lugar naquele lugar um pequeno e lauto repasto e me disse: “Eh pá! Jantas cá connosco.” E eu, aceitei.
Fizemos então o possível para reforçar a penúria que nos espera no futuro (gasta agora que amanhã já fostes) e combater com denodo o inimigo.
Tudo começou com uns belos lavagantes acompanhados dumas garrafitas perdidas lá no fundo da adega de Pera Manca 2008 (Antão Vaz e Arinto, 13.5º). Que belo início de hostilidades. Demos cabo desde logo da Fitch e da Moody’s a cujos engravatados funcionários iremos enviar as cascas como recordação. A guarda avançada foi desbaratada em dois embates.
Mas o combate adivinhava-se aceso. Há que desbaratar o trio Merkl, FMI & Teixeira que tem vindo a liderar a escumalha inimiga. Para isso, seguimos com um excelente galo no forno com batatas assadas condizer. Estava de truz. Para fazer ajudar a fazer face ao desafio optou-se pela tática da dispersão. Começámos o ataque com um Quinta da Terrugem 2002 (Cabernet Sauvignon, Aragonez e Trincadeira Preta, 14º) que, pelo seu sucesso, deixou desde logo os adversários estonteados e na defensiva.
Estando o inimigo apenas atordoado, voltámos à carga com o medalhado Quinta da Bacalhoa 2005 (Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, 15º) que, pelo vigor demonstrado, deixou o inimigo à beira da desastre, mas ainda a mexer. O golpe de misericordia foi dado com o blend (tou aqui tou ali…) exclusivamente nacional (ou mais ou menos), Quinta do Vallado Reserva 2005 (Tinta Roriz, Tinta Amarela, Touriga Franca, Touriga Nacional e Sousão, 14º) que, qual padeira de Aljubarrota, arrumou definitivamente a crise no ano de 2011.
Comemorámos a vitória com um portito Niepoort e fizemos as habituais saudações.
Para o ano as comemorações que se anunciam serão com umas chouriças sobrantes de 2010, a saber a mofo, assadas em fogueiras feitas de pneus velhos, acompanhadas duns nabos silvestres crús e algumas raízes. Para beber, àgua do charco mais próximo.
4 comentários a “Conto de Natal”
Era giro, fazer um grande peditório nacional de cascas de mariscos para enviar para a Fitch, Moddys, …
Cascas, garrafas vazias, restos de queijos, sobras de leitão…
eh eh eh
Iam passar-se!
E porque não fazer esse peditório? A ser, é agora! Para o ano, só se faz com cascas de… limão!
Mas que grande bufa! No sentido de Grande Bufa, como no filme franciú de há uns anios… quem sabe dele?
Até ao fim do ano ainda há tempo para um Grande Peditório. Mas eu alinho mais do lado dos gajos que fazem sobrar as cascas!
Ganda filme!