Cumprem-se no espaço de 2 semanas 2 centenários de monta no que toca à derrocada da situação nacional depois de termos tido um império.
– dia 22, foram os 200 anos da chegada ao Brasil numa fuga inédita de um (na prática) monarca europeu (e talvez mesmo inédita no mundo), da capital do império para uma das suas colónias, com medo da “invasão” de um imperador “francês” magnânimo entretanto apoiada pelos espanhóis, e chantageado pelos ingleses – D. João VI, de cognome (apenas) o clemente;
-hoje, os 100 anos sobre o assassínio de um rei de cognomes o oceanógrafo, o martirizado, o diplomata – D. Carlos I -, um rei artista e cosmopolita, talvez mais Saxe-Coburgo Gotha do que Bragança, caçador, bonacheirão e com sentido de Estado. Mas também o rei dos “adiantamentos”, que custava ao erário público mais do que devia, o rei que menos popular se tornou ao pôr no poder João Franco, que governou em ditadura.
Sem dúvida que ambos foram dos mais decisivos acontecimentos da história portuguesa, o primeiro prenunciou o fim da monarquia e o segundo deu o golpe final.
Curiosamente, somos (penso eu) a única república do mundo que tem na sua bandeira o escudo da antiga monarquia… o que indicia o quão bem “resolvida” está a história dos 8 séculos de monarquia (desde Ourique até à Câmara Municipal de Lisboa, passando pela Praça do Comércio). Além disso, é mesmo o nosso “símbolo”, ou os nossos jogadores não são os das quinas??
E está de tal forma resolvida, que até o Presidente da República inaugura a estátua a D. Carlos I. “O rei está morto, viva o “rei”.
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