bancos, construtoras e comunicação social

Alimentar bancos e construtoras ou cumprir o pagamento da dívida. Os governantes têm escolhido da maneira que temos visto. Os bancos e as construtoras estão no centro do poder político. Assim se enterraram 700 milhões de contos no BPN e no BPP. Que faliram na mesma. Assim se enterram agora mais 100 milhões de contos numa linha de crédito para os angolanos pagarem às “nossas” construtoras. Que provavelmente vão falir na mesma. Temos um estado que não se importa de falir para salvar os bancos e as construtoras.

Quanto às construtoras, não precisamos delas. Não precisamos de construtoras que ganham concursos em países que não lhes pagam. Que vão fazer trabalho lá fora e que na hora de receber pedem ao contribuinte português que lhes pague.

Quanto aos bancos, não precisamos deles. Se compramos tudo ao estrangeiro também podemos comprar-lhes os serviços bancários. Não precisamos de bancos que são apenas intermediários entre os portugueses e o crédito da banca estrangeira. Haja muitos e bons investimentos para fazer e o crédito surgirá sempre, venha lá de onde vier.

Quanto aos jornais, não precisamos deles. Nenhum jornal consegue estabelecer a ligação entre as dificuldades no pagamento da dívida e a frase “agora o risco dos bancos é o risco da dívida soberana”. Nenhum jornal fala da insensatez de um estado que dá crédito que não tem para satisfazer as construtoras. Para a comunicação social, o verdadeiro problema está no subsídio de desemprego que se paga aos trabalhadores.

P.S.: São jornais que resistem às notícias enquanto podem. As notícias sobre o incumprimento da dívida demoraram a chegar ao expresso. O expresso teve sempre assuntos mais importantes. Primeiro foi o cão que falava. Depois foi o homem que decorava milhares de matrículas, reciclado aliás, porque já o conhecíamos. Depois foi a proibição, na américa, de um anúncio a lingerie XXL. Não precisamos de jornais. Já nem para cagar precisamos de jornais. Não precisamos de nada.


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