Foi um dia para esquecer.
Na sala de espera das análises estão mais de 40 pessoas, e só uma cadeira vaga. Sento-me e levanto-me logo, com o pescoço e as costas a doer com o frio. É lá que desagua a totalidade do gélido caudal do ar condicionado. Fico de pé, a aguardar a vez. Quando esta chega, informam-me: A credencial está mal passada, é preciso pagar tudo, ou então voltar à médica.
A médica receitou uma embalagem grande de antibiótico para tratamento durante oito dias. Na farmácia juram que não existem essas embalagens, que são precisas duas. Só que, como a receita só indica uma embalagem, a segunda não pode ser comparticipada, fica 400% mais cara! Bahhhh!
Na escola o portão não abre bem. Está assim desde antes do ano passado. Nos dias de chuva vai ser péssimo. É preciso esperar que se lembrem de nós, aguardar que atravessem o pátio e o venham abrir. Perguntam-nos o que queremos, meio entreabertos. Apetece ironizar “Quer frôr?”. Prefiro não provocar os micro, pequenos e médios poderes que gozam impunemente connosco.
Topa-se bem que na sala de aula chove. Está tudo manchado. Não fizeram obras durante o verão. O telhado parece mesmo de fibrocimento. Será que tem amianto?
Fui buscar a requisição e enfrentei a a turba que atuchava a única papelaria em Benfica onde a requisição pode ser aviada. Surpresa!! A educação é gratuita, mas paga-se na mesma. A requisição dada pelo agrupamento para os livros não cobre as fichas. Perante a lei as fichas não são material pedagógico. Gostava de saber como é que a filhota tem aproveitamento, sem as fichas. É como oferecerem o carro, mas as rodas são à parte, precisam de ser pagas. Se calhar o magalhães é de borla, mas o teclado paga-se à parte.
O polícia colocou o pirolito à frente do meu carro. E depois manda-me avançar. Desvio-me e piso o risco contínuo. Ele refila. Baaahhh!!
Acendeu a luz da reserva. Lá tenho de ir à bomba outra vez. A inflação desceu, mas a gasolina não pára de subir. Alguém me explica?
Aqui a zona de Benfica Telheiras está cheia de obras apressadas para construir a inútil ciclovia. Os escassos peões já tinham passeios desafogados. Os inexistentes ciclistas ficam a dispor de uma autoestrada de luxo, pintada de laranja. Os milhares e emilhares de automobilistas passam a dispor de uma única faixa em cada sentido. Se alguém tem que parar para largar um passageiro (táxis, …) entope tudo. Obrigado Sá Fernandes, era mesmo o que fazia falta.
A junta embargou uma parte. Contruiu-se de manhã, à noite destruiu-se. Obrigado Sá Fernandes por esta obra magnífica. O pequeno e médio caos prolifera no bairro. Como já não há um túnel do Marquês para embargar e provocar o grande caos, temos estas obras de arte, monumentos à bestialidade retrógrada de quem considera os automobilistas um inimigo a abater. Quem me dera não ter de padecer as agruras da necessidade da deslocação automóvel.
Finalmente cheguei à escola. Fui buscá-la. Queixou-se que não lhe tinham dado lanche de jeito, que estava com fome. Irra!
No ATL deram-me um papelito a informar que amanhã havia greve, e que portanto era só o horário da escola, e que alguém tinha de a ir buscar e levar, ou então que tínhamos de faltar ao trabalho para o fazer. Perguntei por coisas mais estruturantes, como por exemplo que actividades é que tinham planeado para os outros dias. Fui brindado com um olhar bovino.
Esta noite, nem os Gatos Fedorentos me fizeram sorrir.
Que dia….
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