Ramalho Ortigão e Eça de Queirós escreveram esta obra em parceria numa coluna semanal de um jornal da época. Por vezes, um dos autores deixava o outro sem saber o que escrever. Lembro-me de um deles ter parado a acção em frente do portão de uma quinta e do outro ter simplesmente descrito o portão na sua coluna, na semana seguinte.
Jorge Paixão da Costa, o grande realizador português, filmou “O Mistério da Estrada de Sintra” que vai estrear na próxima semana. Segundo me disseram (quem já viu o filme, na montagem ou na ante-estreia), o grande realizador, o Kim Il Sung do cinema português, usou uma ideia minha sem sequer me agradecer: eu sugeri-lhe que colocasse os dois autores frente a frente, a discutir pormenores da obra. Um diria algo como: “Já viste em que posição é que me deixaste, o que é que eu escrevo agora?”. E o outro responderia e sugeriria uma solução.
Há uns anos atrás eu almoçava regularmente com o grande realizador e sugeri-lhe que filmasse essas cenas de bastidores, juntamente com o filme. Não foi uma ideia do momento, pois eu não consigo ser espontâneo quando estou com o JPC. Foi pensada durante uma semana e depois transmitida no almoço da semana seguinte. Mas umas semanas mais tarde, o grande realizador veio comunicar-me que tinha encontrado uma solução engraçada: ia mostrar os bastidores da história, ia confrontar os autores um com o outro, ia pô-los a discutir o andamanto da história.
Mas essa tinha sido uma ideia minha… Eu nem sequer lhe relembrei isso. Para quê? Vejam o filme.
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