O Portugal Servil

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Passei no fim de semana passado pela primeira vez pela ponte Salgueiro Maia (e avistei a estátua) e não pude deixar de recordar a eleição 33 anos depois naquilo que se auto definiu como uma espécie de concurso, do nosso querido e saudoso “pai”.

Aguçado pela discussão desse tema fulcral para o país que foi o de saber se o pai do José lhe pôs ou não o nome de Inginheiro à nascença, veio reforçar-me a ideia de que afinal a revolução (revolução? Têm a certeza?) foi apenas um interregno de meses no modorrento viver nacional.

Revejo todas as donas Marias reverentes perante um qualquer senhor arquitete para os quais reservam a principal mesa da chafarica onde trabalham.

Relembro também os comentários, à boca pequena, sobre o Dótor que gostava de rapazinhos. Que saudade devem alguns ter desses tempos de impunidade em que o paizinho António nos abrigava no eléctrico.

Anos depois ainda vemos eleger essa mítica figura que tanto contribuiu para o modo miserável com que nos encaramos e de modo como (ainda) veneramos as hierarquias sociais e desprezamos o nosso próprio sentido crítico. A forma miserável como gajos que se formam apenas para arranjar emprego atacam um gajo que não fez nada muito diferente deles.

Na realidade pouco mudou. Se antes éramos os pobres mas honrados de brandos costumes que viviam num jardim à beira mar plantado e onde beber vinho era “dar de comer a um milhão de portugueses”, hoje a diferença é que já temos revistas de vinhos, somos finos e deixámos de vuver copes de três nas tavernas (agora rebaptizadas de cafés).


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Comentários

Um comentário a “O Portugal Servil”

  1. Avatar de alex
    alex

    Diz a lei de Pareto: “5 capitalistas enviam 50% dos votos”. E foi assim que o António dos Alguidares ganhou.

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