Saudade é a badalada palavra, exclusivamente portuguesa, que existe em todas as outras línguas.
Mas a saudade de que estou aqui a falar é uma saudade que existe no âmago do corpo dos seis mil milhões de humanos que povoam esta terra, excepto os monges budistas… e talvez de mais uma série de outros bichos que sofram também da saudade do corpo.
A saudade de Veronika Voss é um filme fabuloso e R. W. Fassbinder que retrata uma das clássicas saudades do corpo: o vício da morfina(?!).
Foi recentemente notícia o facto de que determinado tipo de lesões no cérebro tinham o efeito de eliminar a saudade do tabaco. Há uns anos atrás, uma empresa espanhola desenvolveu um tratamento baseado em comprimidos que eliminava a saudade da cocaína e de várias misturas de cocaína com outros produtos: álcool e heroína. Egas Moniz foi pioneiro na técnica de manipular o cérebro para modificar as emoções dos pacientes.
No futuro a medicina será capaz de eliminar as saudades mais ou menos perniciosas com técnicas não (muito) intrusivas: a saudade do violador, a saudade do roedor de unhas, a saudade do viciado em heroína, a saudade do fumador, a saudade do alcoólico.
Deixe um comentário