As fêmeas chimpanzés mantêm-se muito quietas e silenciosas durante a copulação para não chamar a atenção umas das outras, diz uma equipa de investigadores da Universidade de St. Andrews, no Reino Unido. Segundo um estudo publicado hoje pela revista científica PLoS ONE, a preocupação das chimpanzés é evitar competições e ter sexo com o maior número de parceiros possível.
De acordo com a equipa britânica, conduzida pelos psicólogos Simon Townsend e Klaus Zuberbühler, a investigação agora divulgada confirma as sofisticadas capacidades mentais e a inteligência social do animal mais próximo do Homem.
Os investigadores observaram o comportamento de uma colónia de Chimpazés na floresta de Budongo, no Uganda, e descobriram que as fêmeas utilizam uma espécie de chamamento de copulação para delinear uma estratégia de defesa contra os membros agressivos do grupo, sobretudo os femininos.
“A competição entre fêmeas chega a ser muito perigosa nos chimpanzés selvagens. As nossas descobertas revelam que as fêmeas utilizam o som de engate num sentido altamente táctico, para minimizar os ricos associados a esta competição”, explica Simon Townsend no site da universidade.
Segundo os cientistas, a função dos sons dos primatas tem sido debatida ao longo dos anos. A hipótese mais comum sugeria que esta forma de atracção permitia à fêmea informar os machos do seu estado de receptividade sexual, o que incitava a competição entre eles, acabando esta por copular com o macho mais forte e ter a melhor prole.
Mas esta ideia é contrariada pelo recente estudo, explicam os cientistas: não foi possível demonstrar nenhum tipo de competição entre machos nem nenhuma relação entre o estado hormonal de receptividade da fêmea e a actividade sexual.
“As fêmeas que observámos pareciam estar mais preocupadas em ter sexo com o maior número de parceiros possível, sem que as outras fêmeas soubessem, do que em fazer com que os chimpanzés machos andassem à luta”, frisou Simon, acrescentando que não há evidência de que o comportamento de copulação esteja relacionado com o período fértil da mulher ou com o instinto maternal.
Para Zuberbühler, o estudo conclui que o chamamento da fêmea acaba por ser uma estratégia utilizada para “avisar a sua disponibilidade a machos fortes, confundir a paternidade e assegurar apoio por parte de indivíduos socialmente importantes”.
In “Ciencia hoje”
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