Resolveram-se os 3 processos. Por uma coincidência, todos a menos de um mês das eleições. A Felgueiras, inocente. Feliz por não ter que ser julgada depois de o seu ex-sócio sair do governo. O Isaltino, culpado. O que dá muito jeito aos seus adversários do PSD e do PS. O Sócrates, inocente. Mesmo a tempo de ir a eleições. Uma concidência espantosa.
Coincidência espantosa porque a justiça funciona independentemente do poder político. Porque a justiça não anda a reboque de calendários eleitorais. Porque essa independência faz parte do nosso ordenamento jurídico. Porque é assim, constitucionalmente. Porque isso se insere numa tradição de independência do poder judicial que remonta à revolução francesa.
Toda a gente falou da importância de terminar o caso do Sócrates a tempo de eleições. Mesmo gente com responsabilidade na investigação. Mesmo gente com fartura de conhecimentos jurídicos. Como se ignorassem os princípios de independência do poder judicial. Como se ignorassem que essa independência inclui a ausência de influência política sobre o prazo de uma decisão judicial ou de uma investigação.
Ninguém se assume como influenciador dos prazos. Assim, é tudo uma feliz coincidência. É claro que existe uma outra perspectiva. A de que a independência do poder judicial é uma treta. A de que alguém nos anda a mandar areia para os olhos. Muita areia para os olhos. Talvez o ministro da justiça.
P.S.: Estive para colocar a versão original das Chordettes. Mas preferi estas Rock Paper Scissors. A da direita faz-me lembrar uma ex-namorada. Cantam mal como o caralho, mas que se lixe.
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