O Qu’eu penso

A maior parte disto foi escrito a propósito de um um comentário que me ficou atravessado. Não foi “postado” na altura por falta tempo, a isca acalmou, e pronto. No entanto depois de ler a crónica hilariante do VPD no pasquim de referência achei que afinal ainda valia a pena.  Após o (des)necessário intróito aqui vai:

Yep, eu penso. Apesar de existirem uma série de provas em contrário, o que é certo é que aquela massa ondulada que ocupa o espaço, doutro modo vazio, por debaixo do cabelo vai funcionando.

E o que penso da publicidade é o seguinte: Como premissa considero que apesar dos puristas e/ou académicos poderem entender que publicidade e propaganda são coisas diferentes o que é um facto é que normalmente as coisas se confundem. Isto é, a fronteira entre publicidade e propaganda é muito subtil. É como circular no Espaço Schengen. Andamos por todo lado e de repente já mudámos de país.

Por outro lado é evidente que todos os dias de forma mais ou menos subtil quem tem algo para nos vender (seja um produto, um costume ou uma política) fá-lo de forma cada vez mais assertiva, repetindo de forma continuada o seu argumento de venda de tal forma que começamos a aceitar como verdadeira/sincera uma qualquer manipulação, extorsão ou mentira.

Assim após uma história de séculos estas actividades apuraram tendo chegado aos dias de hoje a um grau de refinamento e especialização que acaba, no meu caso pelos menos, por conduzir ao descrédito de grande parte das campanhas.

Tivemos ao longo da história publicitários ou propagandistas de lhes tirar o chapéu. Normalmente conseguem o nec plus ultra  destas actividades que é repetir de tal modo uma mentira que nós acreditamos nela piamente. O Adolfo teve o seu Joseph que criou as condições necessárias para avante um genocídio de proporções épicas e hediondas na fronha de toda a gente. E o Tony “Ervilha”, o grandioso Tó Ferro que criou os míticos Descobrimentos que Deram Novos Mundos ao Mundo com os quais o povo pouco ou nada lucrou, complementado pelo outro mito do Milagre de Fátima. Contribuiu para o nascimento do mito do Salazarismo, promovendo os portugueses a Povo Eleito. Enfim…

De notar que neste rectângulo na praia deitado os mitos Salazarista, dos Descobrimentos e de Fátima perduram (sendo este último global) com uma força surpreendente. Mas enfim, todos os povos necessitam de acreditar em qualquer coisa. Um passado valoroso, milagres, um paizinho…

Então e hoje? Quais os mitos que nos estão a ser enfiados por via intravenosa (vulgo via TV)?

Já há alguns anos que recuperámos o Futebol. Passámos uma série de tempo a ser bombardeados com Fátima (recuperação à vista?). Falta o Fado para regressarmos ao país dos três F’s.

Hoje vendem-nos o políticamente correcto, essa espécie de ditadura molinha mas eficiente (uma espécie de salazarismo dos tempos modernos) de boas práticas em que nos impedimos de chamar os bois pelos nomes. Em que qualquer manifestação pública é escrutinada (veja-se o hilariante do Zé falar em português para uma plateia onde não existe tradução simultânea para quase ninguém e onde ninguém entende patavina do que o homem está a falar).

E essa espécie de ditadura é-nos imposta de maneira subliminar através de todos os meios de comunicação existentes todos eles aderentes activos da nova forma de estar e agir. E logo de seguida vem o controlo dos movimentos, das propriedades, das contas, do beber, do fumar, do GPS, do detector, dos Hi5’s, dos Facebox’s, etc., ad nausea

Chegamos ao ponto de acharmos que deveremos, como na novela de Orwell, reescrever o passado por ser sexista ou racista.

Que tem isto a ver com a publicidade PREC? Simples: embora o termo propaganda esteja conotado em larga escala com manipulação política a publicidade sempre lhe seguiu o rastro muito de perto. Os mesmo que nos vendem perfumes, roupas e bebidas com umas gajas (ou gajos, depende do público alvo) – de cor se falarmos em caracóis no cabelo – são os mesmos que depois nos vêm vender a autocensura duma forma de estar que apenas revela publicamente o que esconde em vícios privados.

E nada disto tem a ver com cor política… Apenas com poder.


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