conselheiro eleitoral VI

O PCP é o único partido a que não vale a pena dar conselhos eleitorais. Porque não os vai seguir. O PCP é o que é. Não muda para as eleições. Continua igual a si próprio. Os partidos normais mudam as suas teses de acordo com a evolução do mundo. O PCP não. O PCP espera que o mundo se mova de acordo com as suas teses. Durante anos isso pareceu impossível. Até à presente crise. Em que alguém exclamou: Eppur si muove!

O Jerónimo é a melhor imagem que o PCP podia ter. Não compreende muito de economia? Nem de justiça? Nem de saúde? Nem de nada? Não percebe as decisões económicas do governo? O povo também não. O povo que vota nele. E os outros todos. Na verdade, ninguém compreende a porcaria de economia, de justiça e de saúde que temos. O Jerónimo é só mais um [1]. Nesse aspecto, as pessoas identificam-se com ele. Simpatizam com ele. Já é qualquer coisa.

O Jerónimo é um homem humilde. O único dirigente partidário nacional em que a humildade é um traço saliente. Humildade, uma virtude esquecida. Humildade, curiosamente uma virtude mais acarinhada pelo salazarismo do que pela democracia. O mundo tem destas coisas.

Farto de intelectuais, zitas e vitais, o cunhal parece ter descoberto, no final da vida, que a inteligência vale pouco. Pouco, comparada com a honestidade. Antes de se ir embora entregou o partido a um operário simples. Já não havia muitos operários, por isso foi difícil. Escolheu bem.


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