Esta semana foi notícia o lamentável incidente com o avastin. A explicação? Uma vergonha. Toda a gente se está a cagar. O fabricante disse para não usarem. Já sabia que era perigoso e avisou os hospitais. Os hospitais usaram.
Ninguém é responsável. Nunca é. Nem se consegue sequer identificar o decisor. De repente, tudo parece funcionar em auto-gestão. É o anarquismo conveniente. O anarquismo dos cabrões. Nem sequer o ministro da suposta estrutura anárquica é responsável pelo anarquismo.
O bastonário da ordem dos médicos veio informar que não havia nada de errado em administrar o medicamento à revelia das recomendações do fabricante. Os médicos não fizeram nada de errado. Assim ficamos mais descansados.
Alguém decide e todos obedecem. Os médicos também. Vivemos numa sociedade em que obedecer nunca é crime. Correr riscos obedecendo muito menos. Assim se garante a impunidade dos executantes. E, na prática, a vontade dos executores.
Crime é desobedecer. Isso é que é sempre crime. Perde-se assim um filtro precioso. Elimina-se a última válvula de segurança que protege o cidadão. Os médicos certamente leram as instruções do medicamento. Certamente conheciam os riscos. A sociedade não prepara para o dever de desobediência.
P.S.: Mais uma pedra sobre o serviço público de saúde. O consumidor já sabe. Hospitais públicos talvez, mas em oftalmologia nem pensar. Foda-se, que são os olhos. Mais vale gastar o que se tem e o que não se tem no privado. Aos lesados desejam-se as melhoras.
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