Falência à vista

Quem é o indivíduo que decide a estratégia de uma empresa? Quem é que está realmente na base da decisão estratégica de avançar com um novo produto? Ou velho e recauchutado? O mercadólogo (marketeer na terminologia do bifes)? Um gestor de topo? O administrador?

Já várias empresas apostaram no livro electrónico, e todas faliram. Segundo o pasquim do ti belmiro, a Barnes&Noble, a Amazon e a Time Warner são três desses visionários falidos. Mas a Barnes&Noble não desisitiu e vai tentar de novo… perder uns milhões para o hiperespaço da literatura electrónica. E não há um antropólogo a ajudar estes visionários a perderem dinheiro de forma mais inteligente?

Os leitores de livros são gajos que cheiram a mofo como os livros que lêem. Gostam tanto do cheiro a mofo como das letrinhas que sobem e descem a superfície rugosa das folhas de papel. Gostam de molhar o dedo no cuspo para ajudar a virar a página. Gostam de desfolhar o livro com o mesmo gozo que um jogador de póquer baralha as cartas. Gostam de abrir as folhas coladas de um livro antigo com uma faca de papel. Há os que gostam de dobrar o canto da folha para saber onde ficaram da última vez; há os eternamente perdidos que não dobram folhas e preferem percorrer o livro todo até descobrir onde iam; outros usam separadores que os há de todas as cores e formas, dos mais simples às obras de arte.

E os dispositivos de leitura de livros electrónicos têm algumas destas coisas? Não. Então estão condenados.


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Comentários

5 comentários a “Falência à vista”

  1. Avatar de Paulo Coelho
    Paulo Coelho

    Tu sabes que eu sou um leitor compulsivo e que tenho uma razoável biblioteca. Mas aqui à algum tempo li um argumento sobre livros digitaias, que me deixou a pensar……
    ———————————————–
    Quando os carros surgiram, muitas pessoas disseram que não deixariam de andar de cavalo, porque o sentir e o prazer era completamente impossivel de duplicar num carro. E realmente nunca largaram os cavalos. E depois morreram!

  2. Avatar de Paulo Coelho
    Paulo Coelho

    E encontrei um artigo que devias ‘postar’ por aqui e comentar
    ————
    http://www.nytimes.com/2009/07/18/technology/companies/18amazon.html?_r=4&em
    ————
    Resumo:

    (…)
    In a move that angered customers and generated waves of online pique, Amazon remotely deleted some digital editions of the books from the Kindle devices of readers who had bought them.
    (…)
    Digital books bought for the Kindle are sent to it over a wireless network. Amazon can also use that network to synchronize electronic books between devices — and apparently to make them vanish.
    (…)
    “Of all the books to recall,” said Charles Slater, an executive with a sheet-music retailer in Philadelphia, who bought the digital edition of “1984” for 99 cents last month. “I never imagined that Amazon actually had the right, the authority or even the ability to delete something that I had already purchased.”
    (…)
    Amazon appears to have deleted other purchased e-books from Kindles recently. Customers commenting on Web forums reported the disappearance of digital editions of the Harry Potter books and the novels of Ayn Rand over similar issues.

    Amazon’s published terms of service agreement for the Kindle does not appear to give the company the right to delete purchases after they have been made. It says Amazon grants customers the right to keep a “permanent copy of the applicable digital content.”
    (…)

  3. Avatar de alex

    Claro. Concordo contigo. Eu sou um caso típico de leitor electrónico. Não leio livros, mas leio imensos documentos electrónicos. Prefiro o electrónico ao papel.

    Há uns meses foi anunciada a edição do “Dicionário Jornalístico Português” um DVD com todas as publicações jornalísticas portuguesas desde sempre. Penso que ainda não saiu, mas é claro que eu quero isso em DVD. Não me passa pela cabeça ir para a Torre do Tombo ou para a Biblioteca Nacional desfolhar os jornais do tempo do Eça, ou da guerra do mapa cor-de-rosa, ou da revolução do 28 de Maio, ou do tempo do PREC. Quero poder ter isso ali à mão, indexado, com possibilidade de pesquisa, etc.

    O problema são mesmo os gajos que andam a cavalo. Esses lêem, mas só compram em papel. Eu não leio, mas o pouco que leio é electrónico.

    Por enquanto, é um mau negócio. Daqui a 10 anos, talvez.

  4. Avatar de Zé dos Algarves
    Zé dos Algarves

    Ó pá eu cá queria era a ler a Gindla. A edição inletrónica da Gina pá! Issé quera apostar na coltura.

  5. Avatar de nick name
    nick name

    O bom documento elecrónico é o documento electrónico impresso em papel.

    Pode até ser de jornal.

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