A URSS foi governada durante umas décadas pelo PCUS. Era o regime do partido único. Não era democrático. Porcá a situação é diferente.
Temos dois partidos que nos governam. Iguais na forma de lidar com o sistema bancário antes de a crise ser pública. Iguais na forma de lidar com o problema depois de a crise ser pública. Iguais quanto à necessidade de pôr o contribuinte/cidadão a pagar a crise dos bancos. Em tudo são iguais os dois partidos. São o PCUS-D e o PCUS-E. O PCUS de direita e o de direita. Se os russos tivessem descoberto esta técnica o PCUS ainda lá estava. Os russos elegeriam alternadamente o PCUS-D e o PCUS-E. Viveriam felizes para sempre. Como nós, portugueses. Num país democrático.
O sistema bipartidário oferece vantagens evidentes. Se o cidadão votar no que lá está, é porque “está de acordo com as nossas políticas”. Se o cidadão votar no que para lá vai, está a dizer que “está de acordo com a necessidade de mudança”. Ou seja, mais do mesmo. Exactamente o que aconteceu da última vez.
Além disso, se o cidadão votar no que para lá vai, “os outros é que fizeram as asneiras”. Coitados, não têm culpa do legado. Exactamente o que aconteceu da última vez. E das outras vezes todas. A alternância democrática é pois elemento essencial à desresponsabilização, privilégio de que o PCUS nunca beneficiou.
P.S.: A natureza da alternância democrática é fundamentalmente esta. É importante estar avisado sobre a natureza das coisas. Uma vez cheguei a um sítio e fui avisado: “Isto é um circo de putas. Estou-vos a avisar que é para não ficarem surpreendidos com alguma coisa. Pronto, já estão avisados”. Os eleitores também.
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