Há muito que existiam sinais de que alguma coisa não estava bem com as sondagens. Nas autárquicas de Lisboa, em 2007, o PS teve 29% dos votos. Mas sondagens falavam de valores entre os 32 e os 40%. São sondagens fantásticas. Fantásticas, porque pertencem ao domínio do cinema fantástico.
Agora, nas europeias de 2009, nenhuma sondagem previu nada dignamente parecido com os 26% de votos que o PS teve. A sondagem da RTP dava, em 4 de Maio, 41% de votos para o PS. Sendo também uma sondagem da Universidade Católica, é uma sondagem de bradar aos céus. Em média, as diversas sondagens davam ao PS 35,4% dos votos. Ora, 35,4%-26%=9,4%. Portanto, as sondagens previam, em média, quase mais 10% de votos para o PS.
Surge entretanto a ideia de fiscalizar as sondagens. Acusadas por alguns de serem sonsagens. Mas afinal de conas quem é que precisa da fiscalização das sondagens? Só mesmo as empresas que as fazem. Só elas precisam urgentemente de qualquer coisa que devolva credibilidade às sondagens. O eleitor não precisa. O eleitor já aprendeu que pode limpar o cú às sondagens. As sondagens são afinal como os ratings das agências. Já ninguém acredita nelas. Não é preciso fiscalizar as sondagens. Basta ignorá-las.
Só para os geeks, aqui vão as coisas numa versão mais técnica. Uma sondagem assim, que erra em 10% nos votos do PS, corresponde a uma margem de erro de 38% (10/26). Usando uma fórmula aproximada, (Reis, 1993, pág. 154), n=[(1,96)^2 * 0,5^2]/0,38^2 = 6,7. Para obter um resultado com uma margem de erro equivalente ao que as sondagens nos forneceram basta uma amostra de 7 indivíduos. Ah!ah!ah!
P.S.: Para obter resultados mais acertados do que os das empresas de sondagens não é preciso muito. Basta perguntar as previsões eleitorais à vizinha das mamas grandes. Com uma margem de erro de 10% ela também acerta nos resultados das eleições. Já arranjámos uma desculpa para meter conversa com a vizinha. Vamos lá dar-lhe música, música daquela.
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