Aqui há uns anos conheci uma gaja que tinha pedido emprestadas umas massas jeitosas a um gajo qualquer. E que estava indignada por o gajo lhe pedir o dinheiro de volta. Só depois percebi. A gaja tinha umas belas mamas. Na sua ideia de empréstimo existia um pressuposto de que o dinheiro não era para retornar. Não pedir o dinheiro de volta era assim a modos que uma espécie de cláusula de boa educação. Veio-me então à cabeça uma palavra muito antiga: emprestadar.
Os bancos podem emprestadar dinheiro. São uma coisa fixe. Podem emprestar dinheiro a quem quiserem. E não têm que ser mal-educados. Podem sempre esquecer-se indefinidamente de cobrar a dívida. Ou, alternativamente, ir aumentando os números da dívida, renegociando-a. Fazendo-a aumentar de volume, mas sempre sem a cobrar. Provavelmente, o leitor não percebe as vantagens de emprestadar dinheiro mas nós ajudamos.
Os bancos não o emprestadão a qualquer um, certamente. Mas podem emprestadá-lo aos amigos poderosos. Ou aos amigos, que um banco também tem sentimentos. Na prática, o que está ali é dinheirinho do bom. Daquele que serve para pagar jantares, gajas, automóveis, propriedades e campanhas eleitorais. Os amigos não têm que declarar nada nos impostos. Não se tratam de rendimentos. Apenas dívidas, coitados.
O esquema até pode funcionar bem. Mas para isso é importante que o banco não vá à falência. Que não seja comprado por outrem que resolva de facto cobrar as dívidas. Bancos assim não podem ir à falência. Têm que ser nacionalizados.
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