“Para o Sol”, disse o cliente assim que entrou no meu táxi.
“Para o Sol? Isso é muito longe”, retruquei, “Posso levá-lo a Belém a comer pastéis, a S. Bento a ver os depurtados, ao Rossio a ver as garinas nas esplanadas, ou a banhos à outra margem. Mas ao Sol não dá, que combinei ir jantar com a minha Maria hoje à noite.”
“Pode ser amanhã? Mas tem que pagar adiantado, para eu encher o depósito.”
“Ah ah ah”, riu o homem que tinha o nariz vermelho – não sei se de palhaço, se do almoço. “Não é nada disso. É para o jornal Sol.” Deu-me a morada e lá fomos.
“Espere aí, espere aí”, atalhou. “Deixe entrar esse tipo aí.” Entrou mais um tipo com nariz vermelho e arranquei…
Ainda não consegui parar de rir da conversa deles no banco de trás. Não percebi tudo o que disseram – que o táxi anda a fazer muito barulho e já não oiço bem – mas parece que o sr. sousa e família (mãe, tio, …) têm ligações à máfia italiana. Ou, pelo menos, é o artigo que eles escreveram e querem publicar antes das eleições. Não sei se eram palhaços, se tinham bebido uns copos, mas ainda ainda me dói a barriga de tanto rir. “Ó Matias, dá aí mais um copo de tinto…”
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