Era uma vez um velho. Já estava velho e pouco saía ali da zona. Vivia numa casa perto da aldeia e ia à aldeia todas as semanas. Há mais de seis meses que as suas saídas se limitavam a ir à aldeia até porque já não podia conduzir e as pernas já não ajudavam. Ao pé da casa tinha dois poços. De acordo com uma nova lei o velho, por não ter requerido uma autorização para os poços que sempre usou, leva com uma multa de 25 000 euros por cada poço. Na pior das hipóteses, aquela que dá mais jeito aos cobradores de multas, a multa pode ir até 37 500 euros por poço.
Era uma vez um médico. O médico recebeu um doente com uma doença infecto-contagiosa qualquer e tratou-o. Mas esqueceu-se de informar umas autoridades quaiquer de que o doente tinha aquela doença. Ou melhor, não preencheu as papeladas no espaço de 48 horas. De acordo com uma nova lei, o governo aplica-lhe uma multa de 20.000 euros. Tanto quanto ele ganha em 6 meses de trabalho. Da próxima vez que alguém telefonar com sintomas desses (VIH, papeira, etc.) o médico arranja uma desculpa para não ir. O doente que se foda, que vá ao hospital. O governo que o trate.
Era uma vez um pescador. Toda a vida tinha sido pescador, desde miúdo. O governo lembrou-se dele. Inventou uma licença de pesca. Por ser apanhado a pescar em terra e à cana sem uma licença, no mesmo local onde sempre pescou livremente desde miúdo, o governo multa-o agora com a módica quantia de 2500 euros.
P.S.: Estamos perante um governo hostil. Sempre pronto a atacar qualquer potencial incauto e desgraçar-lhe a vida. Este é um governo que odeia os cidadãos.
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