O berardo enriqueceu. De forma certa ou errada, ninguém sabe. Pode ser um trabalhador incansável que encontrou em áfrica a sorte merecida. Pode ser um chico-esperto que enriqueceu à sombra pouco digna do apartheid. Pode ser um misto das duas coisas. Não sabemos. Por um lado, parece um bronco fascistóide e reaccionário. Por outro, parece uma pessoa amável, divertida e com uma ponta de dignidade e de honestidade que o tornam de certa forma um homem de bem.
Melhor ou pior, sair do país, enriquecendo, e voltar pela porta grande é parte do sonho português. Desde há séculos. O berardo representa também o triunfo desse sonho. E, por isso, merece certamente a nossa simpatia.
Parece que o dinheiro do Berardo foi com os porcos. Depois de anos em áfrica, o homem desmaterialixou a fortuna investindo-a no sistema financeiro. Em má hora. Depois de anos de selva, nunca lhe passou pela cabeça ser comido no regresso a portugal. O homem que venceu nas selvas de áfrica, selvas habitadas por leões, elefantes, crocodilos e outros animais temíveis, vê-se lixado por aspirantes a macacos do nariz no regresso a casa. Um destino ingrato. “Lá fora é uma selva”, assim dizia a publicidade ao zoo de Londres.
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