Cinquenta pessoas, pelo menos, morreram ontem (21-11-2002) na cidade nigeriana de Kaduna, na sequência de um artigo do jornal nigeriano This Day. Este sugeria que «até Maomé poderia escolher para sua mulher uma das candidatas ao título de Miss». A Nigéria vai ser palco do concurso de Miss Mundo, dia 8 de Dezembro.
Nota: No final dos confrontos as vítimas foram mais de duzentas.
Os actos de vandalismo sucedem-se naquela cidade, tendo o Governo nigeriano decretado o recolher obrigatório.
Após a publicação do artigo, sábado, que questionava a rejeição pelos muçulmanos do concurso Miss Mundo, as instalações do jornal foram incendiadas, na quarta-feira, não causando feridos, por não haver ninguém no edifício.
Na opinião do autor do artigo, Isioma Daniel, «os muçulmanos pensam que é imoral trazer 92 mulheres à Nigéria e pedir-lhes que se revejam na sua vaidade». E acrescenta: «O que pensaria o profeta Maomé? Provavelmente escolheria uma delas para sua esposa».
Esta sugestão originou os incidentes. Segundo um grupo de defesa dos direitos humanos, um homem que tentava abrir caminho entre a multidão foi arrancado do carro e morto à pancada. Escolas e lojas foram fechadas à pressa quando surgiram bandos de jovens, que gritavam «Allah akhbar» (Deus seja louvado) e montaram barricadas com pneus e lixo nas ruas.
Polícias e soldados usaram gás lacrimogéneo para dispersar os grupos de pessoas que passavam nas ruas, abanando ramos de árvores e folhas de palmeira. Testemunhas contaram que viram jovens vandalizando duas pequenas igrejas em Badarawa, uma zona predominantemente muçulmana. Kaduna é um estado de influência islâmica, mas com considerável população cristã.
O concurso da Miss Mundo foi boicotado por participantes de pelo menos cinco países _ África do Sul, Costa Rica, Dinamarca, Panamá e Suíça _ por tribunais islâmicos nigerianos terem condenado à morte por apedrejamento várias mulheres que ficaram grávidas sem serem casadas.
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