José,
sei que lês este chornal (se não lês devias ler, só tinhas vantagens) e por isso te mando esta pequenina nota.
Como é hábito, comprei hoje o pasquim de referência. Qual não foi o meu espanto, quando vejo na primeira página o caso dos professores e das juntas médicas. E o que li deixou-me ainda mais cabisbaixo.
Não me interessa se quem faz parte das juntas é médico geriatra, neurocirurgião ou calceteiro marítimo, até pode ser carteirista ou passador de droga. Agora, o requisito mínimo é tem bom senso, essa invenção dos ingleses, que tantos benefícios traz ao governo duma nação (Havias de o aconselhar aos teus ministros).
Provavelmente era a melhor importação a fazer em lugar desses neologismos abrenuncios (flexi qualquer coisa e outros com nomes caros) de que de nunca vamos saber se o resultado não é uma grande merda (Tipo ofertas de trabalho para os quadros excedentes da função pública).
E era fácil. Cada elemento das juntas (principalmente os que têm deficit demonstrado de bom senso) era obrigado a ler o Ensaio sobre o Entendimento Humano que está on-line e tudo. Eu sei que está em inglês (Mas deve existir por aí uma tradução) e que pode ser leitura difícil para alguns (Mais habituados a ler Margaridas, Isabeis, Paulos e Browns), mas eles que façam um esforçozinho (Afinal alguns deles até têm estudos). Vais ver que não custa nada.
Os que lerem e não entenderem (alguns aspectos até estarão ultrapassados mas isto foi escrito em 1690!) não estão aptos a avaliar as aptidões de quem quer que seja para o que for.
Agora pôr professores com doenças terminais a dar aulas (um deles nem podia falar) parece-me digno dum país em que a dignidade humana vem muito depois dos balanços e demonstrações de resultados. E até o pai da economia alertava para os limites da economia quando entrava em choque com a condição humana.
Manda lá a rapaziada ler umas merdas e comportar-se melhor. É que depois entram todos no triste (e tão português) Jogo do Empurra cuja finalidade é safarem-se sem ter que assumir qualquer responsabilidade e fazer com que a culpa morra solteira.
Um abraço
Nick
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