vendaval II

O gajo bem que perguntou: “Quer mesmo que limpe o sofá? Sabe, isto é difícil e nem sempre fica perfeito. Pode ficar, mas nunca se sabe. Quer mesmo?”. Bem. Querer, querer mesmo, eu queria era que ele fosse para o caralho. Mas claro que não ia dizer isso, porque ele estava ali para cumprir uma missão divina.

O gajo vinha com a divina missão de limpar um sofá que tinha sido declarado uma vergonha, imundo e mais uns adjectivos. As mulheres são assim. Quando embirram que uma coisa está suja ou desarrumada aquilo já não pára.

Claro que eu vi logo a pinta do gajo. Gastar dinheiro naquilo era dar dinheiro aos porcos. E ali estava ele. Começou o trabalho. Claro que ia tudo ficar na mesma. Ficou. Escusado será dizer que o sofá não podia ficar assim. Depois de gastar o dinheiro, melhor que tivesse sido antes, a mulher pôs mãos à difícil obra e o sofá ficou bom. Ajudei um bocado, mas ela fez quase tudo. De vez em quando ainda choro a pensar naquele dinheiro. Sou muito sentimental em relação a estas coisas.

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