Com o sector dos serviços a crescer neste país, cada vez nos tornamos mais naquilo a que a minha avó apelidava de pior classe de trabalhadores: os empregados de escritório.
Sim e não vale a pena escondermos-nos por trás da formação que temos (4ª classe, licenciatura, etc.). As nossas características e anseios são iguais ao que eram há 30 anos atrás: individualistas, armados ao pingarelho (às vezes sem o poder), demasiado próximos da (e com aspirações a pertencermos à) hierarquia da qual adoptamos comportamentos e opiniões. Esperamos recolher favores, prémios e benesses e receamos discriminações caso mostremos opiniões muito radicais.
É isto, adoptamos para nós a máxima “a minha política é o trabalho” (mesmo que sejamos do contra). Damos razão aos aderentes mas não aderimos.
Deixámos de nos sindicalizar (apesar de alguns de nós sustentarem ordens profissionais que muitas vezes se limitam a acumular e distribuir dinheiro). Lamentamos a perda de regalias e direitos mais ou menos em silêncio (conquistadas, muitas delas, durante os renegados governos de 1975) e vamos aceitando todas as idiotices de quem nos governa sem um queixume.
Ouvimos comentadores (“habilitados”, Pacheco Pereira dixit) que nos vão manipulando a opinião e de quem discutimos as “tiradas” esquecendo que o barco deles não é o nosso.
Por outro lado, ninguém está a ver o governador do Banco de Portugal e outros titulares de cargos principescamente remunerados, encarar da mesma forma a redução efectiva da qualidade de vida nesta aldeia.
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