Os chineses não querem mais dólares. Isso é uma notícia a sério. É uma notícia esperada e temida. A cotação do dólar depende da sua procura. A China é o maior detentor estrangeiro de dólares, seguida do Japão. Ao longo dos anos, os chineses investiram um balúrdio em dólares. As falcatruas e falta de verdade do sistema financeiro catalizaram uma crise que justificou que o governo dos EUA procedesse a sucessivas injecções de dólares. Essas inundações de dólares ameaçam o valor dos dólares que constituem a poupança dos chineses. Os chineses perderam uma parte muito significativa das suas poupanças. Os dirigentes chineses estão absolutamente furiosos. Não o dizem publicamente para que o seu próprio povo não os culpabilize da perda das poupanças.
Agora os chineses vêm dizer que não querem o dólar como moeda central do sistema financeiro. Não têm qualquer confiança no dólar. Não estão dispostos a trabalhar a troco de papel-moeda que é mais papel do que moeda. Fábricas de papel higiénico também há na China. Não estão dispostos a financiar mais dívida dos EUA e não é possível obrigá-los, não vão comprar mais dólares. O optimismo do Obama e do mr. Brown é patético.
Nem americanos nem chineses têm condições para ser o centro do sistema financeiro. Os americanos queriam continuar a ser. A solução proposta pelos chineses, uma unidade de conta internacional, é a única solução viável. Mas o tempo de negociação de uma unidade de conta internacional não é compatível com os timings da presente crise. Um dilema.
P.S.: A srª clinton quer e precisa do dinheiro chinês. Com a falta de sensatez de uma galinha maluca, acrescentou: “Se formos ao fundo, vamos todos”, [1][2][3], referindo-se ao devedor, os EUA, e ao credor, a China. É um discurso de devedor malcriado. De quem exige mais dinheiro, urgentemente. Os chineses dão-se mal com exigências e o conceito de urgente deles é de cerca de 150 anos.
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