Vendaval

Precisei de um soldador para prender o pé de uma escada ao chão. Pedi ajuda ao meu amigo Tullius Detritus… Não, ele não me ajudou, ele não sabe fazer nada, mas conhecia um tipo que era soldador…

Eu devia ter desconfiado. O Tullius é pior que o sósia dele. E os conhecidos dele são piores ainda. Piores que todos os heróis malditos da banha desenhada.

O velhote entrou em minha casa e perguntou se aquilo era um fábrica. Depois olhou para o chão e disse: “isto é contraplacado de carvalho”. Eu respondi que era maciço, mas ele insistiu que era contraplacado. “Isso de maciço já não existe.” Depois começou a dar ideias para resolver o problema da escada: “Furo a placa de lado a lado e ponho umas porcas no tecto, parto os vidros e queimo o chão”, sei lá… a loucura foi tanta que entrei em disrupção.

No dia seguinte, chegou a minha casa e expôs, orgulhoso, o material: a coisa menos ferrujenta era um par de óculos escuros que trazia no bolso esquerdo para o proteger dos pingos dos eléctrodos.

Durante 4 horas, estive debaixo de um stress extenuante. O homem disparava em todas as direcções. De cada duas ideias que o gajo tinha, eu só me conseguia proteger de uma. Acabou por me foder os vidros, queimar o chão, só não me furou a placa. Mas o corrimão ficaou tão mal fixado ao chão que qualquer puto da escola sem curso de novas oportunidades fazia melhor.

Foda-se… nem sequer uma garrafa de vinho me acalmou o coração. Talvez dois charutos da terra do Fidel… Espero que o gajo se tenha esquecido de onde eu moro.


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