riqueza injustificada

Há muitos anos encontrei um porco. O porco fez uma patifaria qualquer, de que já nem me lembro, e quando confrontado respondeu: “Tens provas?”. É essa a lógica de um porco. Se não tens provas, pormenorizadas, circunstanciadas, então o porco não tem que se preocupar, pensa ele, mesmo que toda a gente saiba que ele praticou um qualquer crime ou malfeitoria. O que é ter provas? Os testemunhos arranjam-se. Os documentos desaparecem ou falsificam-se. As gravações são recusadas como provas. Como sabemos, ter provas é uma coisa complicada.

Posto isto, vivemos numa situação em que o crime óbvio – porque a riqueza injustificada é usualmente pública – permanece fora do alcance daquilo a que ainda chamam justiça, vá-se lá saber porquê. Como se o enriquecimento ilícito de alguém não fosse necessariamente o empobrecimento ilícito de outrém. Porque a alguém isto convém. Porque convém a muita gente. Mas não nos venham pedir dinheiro dos impostos para alimentar tribunais e investigações. Ide para o caralho, pois então. Passados 30 anos de democracia (?) continua a ser legítimo fazer colecção de automóveis, viver em casas de mais de 100.000 contos e comprar propriedades milionárias após ter ocupado um lugar público sem ter que justificar de onde vem o dinheiro.

Nada disso é crime. É normal. É mesmo normal. No sentido em que é tão frequente que já não se estranha. É o paraíso dos financeiros, traficantes, políticos corruptos e espertalhaços. E vai continuar a ser. Porque se quer que assim seja. O resto são tecnicidades. Criminalizar o enriquecimento ilícito? Isso é que não. Isso é que não. No!No!No!No!!

tvi


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *