Antigamente coragem e heroísmo eram palavras reservadas a actos relevantes no domínio militar ou humanitário efectuados com risco próprio de vida, morte, dor ou sofrimento. O meu avô salvou mais de uma dúzia de homens num naufrágio. Mandou-se para o mar no meio de uma tempestade do caralho para o fazer. Isso era um herói, à antiga.
Há uns meses um gajo em lagos saltou para um camião em andamento, ficando ferido, evitando que o camião atropelasse uma data de pessoas. A semana passada, um médico teve um enfarte enquanto estava a operar o cérebro de um doente e continuou a fazer a operação para salvar o doente. Os heróis à antiga continuam a existir.
E depois há os heróis à moderna. Aqui há uns tempos o sr. mário elogiou a ministra da educação pela sua coragem. Não me lembro de ninguém ter disparado sobre a senhora. Não me lembro de ela ter salvo nenhum cão de morrer afogado. Coragem onde? Deve ser aquela coragem estilo thatcher, a coragem verbal e a de mandar os outros e os filhos dos outros para a guerra. Porque ela nunca lá pôs os pés. É coragem para mulheres. E para homens-meninas.
Faça-se, no entanto, justiça: sempre existiram mulheres com tomates. E com tomates do tamanho de uma bola de basquete. Veja-se por exemplo [1]. Uma mulher assim merece o nome de herói. Não de heroína, palavra reservada para outro uso, nem heróia, uma espécie de campeã dos 100 metros femininos do heroísmo. Mulheres como a anterior, e muitas outras, merecem o epíteto de heróis, porque um herói é uma coisa que ultrapassa a dimensão humana, portanto também já não tem que ser macho ou fêmea. [2][3][4][5]
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