O ênfase dos media em algumas aldrabices transmite a ideia de que a crise é delas consequência. Nada mais errado. Nada mais desculpabilizador para o sistema. Nada mais útil para o sistema. Só mesmo um pateta acredita que um conjunto sincronizado de aldrabices à escala planetária desencadeou a crise de 2008/09. O problema é mais grave, é sistémico. Temos um sistema que gera dinheiro. Não podendo criar riqueza, segundo lavoisier, só pode redistribui-la. Temos pois um sistema redistribuidor da riqueza.
Desde o início do euro a massa monetária M3 triplicou. Não triplicámos a riqueza. Alguém se abarbatou ao M3. Alguém que concorre connosco pela aquisição de bens que cresceram a uma taxa muito inferior à do M3. Alguém que beneficiou da redistribuição da riqueza.
É do sistema que um banco empresta mais do que o que tem. Muito mais. É do sistema que o banco pode emprestar a quem quiser. Até ao filho de um administrador se empresta. Até às sociedades proprietárias do banco. É do sistema que esse alguém pode não conseguir pagar. É do sistema que o dinheiro emprestado pode fluir para offshores ou para outro sítio. E que as empresas que enviam dinheiro para offshores e para outros sítios podem falir deixando os credores agarrados. Nada disto é ilegal. E menos ainda quando os credores não se queixam. Mas também não é preciso ser muito esperto para descortinar aqui oportunidades.
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