A TV mostrava-nos frequentemente um ventríloquo que falava com um pato. O ventríloquo era tão mau, tão mau, que quando o pato falava o ventríloquo abria tanto a boca que se lhe viam as amígdalas. Ele e o pato tinham sempre a boca aberrta. Tão aberta que não se percebia se era o ventríloquo que fazia as falas do pato ou se era o pato que fazia as falas do ventríloquo. E o ventríloquo estava lá sempre. Na TV. Por pior que fosse a sua performance ele voltava. Como se fosse o único ventríloquo do país.
É essa capacidade de resistir ao insucesso da performance que faz os grandes personagens da nossa vida pública. Falhar repetidamente e ser sucessivamente chamado para os lugares de destaque. Como se fossem as únicas pessoas no país. É assim com a selecção nacional. É assim com os partidos. É assim com a vida pública. Assim escolheremos entre o sr. sousa e a srª manuela, sob a égide do sr. silva, assim voltará o sr. lopes ao seu lugar. Tudo se desenterra e volta. É zombie, a noite dos mortos vivos. Os cadáveres que supostamente deviam estar enterrados voltam uma e outra vez para nos aterrorizar.
P.S.: Abaixo, imagens do filme um lobisomem americano em Londres, um filme que corre ao som de blue moon. Um filme de john landis montado em cima daquela linha dificílima que congrega o terror e a comédia. Um filme de zombies. Horrível. Um filme de terror e uma comédia, tal como portugal.
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